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Os Contos da menina-Mulher

Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto. Estes são os meus pontos sobre saúde, culinária e lifestyle. Aqui toda eu sou vírgulas, reticências e, no extremo, pontos de exclamação ou mesmo um ponto final!

Sex | 01.11.24

Siblings

Diz a psicóloga que, na realidade, só este ano comecei a fazer-te o luto, Anita.

Que, com os problemas todos desde 2020, o meu corpo, a minha mente e o meu coração andaram, até há poucos meses, a viver em modo de fuga, de mínimos, de confusão.

 

E lá está, a saudade está diferente.

A noção de viver sem ti, está diferente.

Faltas-me mais, como se isso fosse possível.

Custa-me mais, olhar para um mundo sem ti.

 

Vou percebendo o quanto tudo está diferente à minha volta.

Os pais, os miúdos, os sítios. A roupa, a comida.

Não me gabando, sinto-me mais humana, mais capaz de olhar, olhos nos olhos, de todos os que me rodeiam.

De dizer (ainda mais, dirias tu) o que acho que quem merece/precisa/amo deve ouvir, sob pena de não haver amanhã para dizer. Para partilhar opinião.

 

Continuas a viver em mim.

Continuas a viver em nós.

Continuo a não me conseguir recordar da tua voz - ra'is parte teres-te ido embora antes do pessoal desatar a usar o WhatsApp.

 

Volta e meia sonho contigo e já não acordo aflita e confusa.

No outro dia, voltei a sonhar que estávamos numa festa, numa mesa de almoço.

 

Se isto é fazer o luto, venha o caminho. O resto dele, sem ti.

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