Se podia? Podia.
Se posso vir para aqui escrever o que quero? Posso. Enquanto nada de muito grave acontecer, o blogue continuará a ser meu e da minha responsabilidade.
Se podia vir para aqui e desenhar-me perfeita, aos folhinhos cor-de-rosa? Podia. Se calhar, para muita gente, devia. Assim é que os blogues são bons e têm visitas e são famosos.
Tenho muito, tanto dentro de mim que preciso dizer.
Por algum motivo re-criei um blogue. Para espingardar, para exorcizar. Para partilhar coisas que mais ninguém sabe.
Se me sinto uma namorada sortuda? Sim, muito.
O Rapaz que toda a gente pensava que não ia crescer, escolheu virar adulto comigo. Considera que estamos numa vida paralela ao casamento, quasi.
Tenho surpresas sem contar, presentes se os pedir. Vamos jantando fora. Estamos na fase em que, olhando para o calendário, ao fundo do túnel já temos datas para jantares com os amigos.
Tenho apoio noites dentro. Tenho um namorado que não se envergonha de mim. Que me aceita, até mesmo quando eu duvido que ele devesse aceitar.
Ele sabe o quanto é adorado e o quanto me esforço para melhorar com ele. Porque é o que ele me faz sentir: melhor, ou pelo menos, com capacidade para ser melhor.
E quando não lho consigo dizer, escrevo. O bom, o maravilhoso e o mau.
Viver com quem gostamos também é re-aprender a falar, a partilhar.
Se podia vir para aqui escrever só as coisas bonitas? Se podia passar os meus dias a fingir sorrisos para quem me lê?
Acreditem que podia e posso. Faço disso a minha vida.
Mas no meu blogue não.
Aqui ficam escritas as memórias todas, os pensamentos fogazes, as rominações mentais.
Mesmo que cá dentro eu seja uma romântica cor-de-rosa que sonha com camas de dossel; mas que está tão chateada com a vida cinzenta que parece uma miúda invejosa e ciumenta.