Pensamentos pós-viagens
É-me difícil não fazer comparações.
As ruas largas do mundo têm semelhanças.
Os lagos e mares fazem-me a claustrofobia das ilhas - por mais belezas que encerrem. E simplesmente, depois de absorver a beleza começo a sentir-me desconfortavel e com vontade de voltar para terra firme.
Os pratos são sempre reflexos humanos, cheios de cheiros, sabores, cuidados. E quase sempre a parte mais bonita das minhas viagens; mesmo quando só confirmam e não surpreendem porque a internet, hoje em dia, conta-nos tudo em antecipação.
A diferença está nas pessoas.
No quanto eu gostava de conseguir sentir, ver, viver para além de mim.
Do presa que me sinto ao medo, na injustiça, na luta cansada, na tristeza constante.
Já não há mundo livre e cheio de crença desde aquele dia em 2019.
Por muito que eu viaje; sozinha, acompanhada, em repetição, em novidade.
Corro o pouco mundo crente que um dia vou voltar a sentir TUDO AQUILO pelo mundo, como naquele momento e a mim só chegam desilusões, mágoas e dor.
Valha-me o Céu que partilhamos, o Amor que me espera debaixo do teto e o saber que cada passo mais de horizonte é algo mais do que sonhei poder ter.
A “surpresa”, o encantamento, esses, pelos vistos, terão que ficar para outro dia.