Meu Ary
Quando o mundo me passa por cima - mesmo quando sou eu que me "deito no meio da estrada" e me "ponho a jeito" com as minhs instropeções; és tu, Ary, que me salvas.
Que me fazes sentir mais normal, no meio da anormalidade que um Ser Humano consegue ser.
Mais e mais me orgulho de te ter tatuado no corpo, de uma forma que só é óbvia para nós.
(Sim, o senhor é um poeta que morreu antes de eu nascer, mas gosto de ter conversas com ele)
Filhos dum deus selvagem e secreto
E cobertos de lama, caminhamos
Por cidades,
Por nuvens
E desertos.
Ao vento semeamos o que os homens não querem.
Ao vento arremessamos as verdades que doem
E as palavras que ferem.
Da noite que nos gera, e nós amamos,
Só os astros trazemos.
A treva ficou onde
Todos guardamos a certeza oculta
Do que nós não dizemos,
Mas que somos.
José Carlos Ary dos Santos