E quando vais ao Pingo Doce...
(Post escrito a 21 de Maio)
Pois é.
Foi naquela semana "do demo", em que as casas nos fugiram pelas mãos... ao ponto de uma visita ser desmarcada 10 minutos antes porque "a casa acabou de ser alugada". Eu super-irritada. Cansada. "Presa". Fraca de saudades. Ele triste, desiludido, a sentir-se ignorado, frustrado por me ver em baixo.
Ao fim do dia, nos "5 minutos" a que temos direito depois do dia de trabalho, pedi-lhe: "m-R levas-me ao Pingo Doce? Preciso de água para o Depurante alérgico".
E lá entramos nós na galeria comercial toda 80's que já marcou tantos momentos do nosso namoro.
m-M que parece que não ouve nada nem vê ninguém quando está com a neura... in fact está mais alerta. E olha para a montra da imobiliária local (as in minuscula) que tem escritório na tal galeria comercial 80's. Um T3, mesmo ali na zona, com um preço mesmo no limite, sorri.
"Oh m-R, queres entrar lá dentro e ver que negócio é este? Ou se há mais? Não precisamos de um T3..."
Entrámos a medo e sai-nos na rifa o vendedor mais recente, 5 semanas de trabalho, casado há tantos anos quantos eu e o m-R existimos.
Começa a mostrar-nos o ficheiro com as casas disponíveis. 5 casas no nosso price range. E lá partimos os 3 com o Sol a por-se, à visita de 4 casas, ali, on the spot. Depois de tanto telefonema e sms e visitas e marca e desmarca e pessoas arrogantes que parecem nadar em dinheiro, sempre que mostramos interesse numa casa.
Passamos por tudo, desde o elevador parar a meio do caminho, à etiqueta de uma das chaves estar errada e quase termos entrado numa casa habitadíssima. O vendedor a tratar o m-R pelo nome errado nas visitas todas. A perguntar-me se eu queria ir de carro para a rua ao lado. Nós os 3 a confirmarmos uma rua por Google Maps...
Mas a verdade? É que o que tanto se diz, se confirma. Quando vês e entras na casa que é A casa, sentes. E eu cá apaixonei-me logo pela 1ª de todas. Bem dentro do nosso orçamento. Cozinha equipada, casa semi-mobilada. Preço quiçá ainda um pouco negociável (que negociamos mesmo!)- o suficiente para juntarmos para decor e coisas que tal.
É um T2, com uma sala grande, muita luz, bons quartos, uma cozinha original mas espaçosa onde poderemos fazer as refeições do dia-a-dia. Duas marquises - os quadrixanos vão ter ainda mais espaço e mais luz! Toda pintadinha. É um 2º andar, sem elevador, mas com escadas largas e subir e descer 30 degraus não matam ninguém. Já combinamos comprar um trolley para eu poder carregar as compras sem ter que pedir ajudas e já começamos a pensar na decoração, no colchão, nas tabeletas para as paredes...

Depois de vistas as 4 casas "surpresa", reservamos a "nossa" e fomos jantar, mesmo em frente a casa. Um maravilhoso caril de gambas e uns lombinhos com molho de mostarda do melhor, enquanto fomos pondo todas as hipóteses em cima da mesa. Enquanto demos por nós já a referir-nos à casa como nossa. Fomos os últimos a sair do restaurante. Saltámos a sobremesa, que nesse dia eu tinha uma mala para fazer e ele o EP para lançar.
Sim, não é a casa mais perfeita do mundo. Sim, eu, pessoalmente, vou fazer um downgrade de condições habitacionais. A mãe dele está preocupada, tem medo que a escolha venha do cansaço. Eu disse-lhe a ele e repetirei a ela se necessário, de todas, foi onde me senti a viver, com ele.
(Edit a 11 de Junho)
Entretanto passaram 3 semanas com a colocação de data e a entrega da proposta à senhoria. A "sogrinha" visitou a casa e deu-me razão. A contra proposta, a negociação do preço. O atrasar das datas. O alterar a data... O ele já andar a dizer às pessoas "aquela é a nossa porta". O fazermos a lista do material para as limpezas e pinturas e etcs. O saber que depois ainda vamos precisar de uma semanita até passar a ir para lá todos os dias com a nossa rotina. O ele desenhar um parque de diversões para os gatos. O eu imaginar que vou ter um sofá com tv para me sentar a escrever a Tese com muita luz a entrar pelas janelas.
(Ontem à noite)
Hoje temos a chave na mão e os papeis assinados.
Desde hoje podemos entrar naquela casa meia vazia e fazer dela nossa. Rai's me quilhem se não o convenço a irmos comprar porta-chaves (lol)
Que eu seja. Que ele seja. Que os gatos sejam. Que os pais sejam. Que os amigos sejam. Que todos juntos, sejamos tão felizes quanto o click quentinho que senti no coração, quando lá entrei, a 1ª vez.
Eu bem disse ao vendedor entre uma visita e outra: Todas estas peripécias servem para contar aos netos, um dia!
Por isso, meus caros leitores, cuidado quando a vossa intenção for ir ao Pingo Doce... Podem ir, incautos, a achar que vão comprar uma garrafinha de água e saiem de lá com um apartamento reservado... a contar os dias para uma nova vida!
Porque este é mais um dia. UM dos dias que temos marcado no nosso calendário!