É o meu 1º.
É o meu 1º dia do Pai sem ver o meu Pai.
Sem saber que o vou abraçar ao fim do dia. Sem lhe entregar um qualquer miminho - o presente dele, este ano, vai ser entregue simultaneamente com o do Dia da Mãe...
Ouvi-lo dizer que o "dia do Pai não interessa" porque "importante é o Dia da Mãe".
Vê-lo sorrir aos desenhos que o meu sobrinho afilhado faz a dobrar, no Dia do Pai, porque o Avô também é Pai.
É estranho, pensar que ele passa o dia sem mim, sem "metade" de quem o faz Pai. E saber que ele, à maneira direta dele, já deve ter dado por isso.
Ele é reservado, embora muito extrovertido. Sério, embora o homem mais engraçado do mundo. Dado, embora nosso. Super-Pai, embora humano. Os maiores sorrisos do mundo e as lágrimas mais fortes foram resultado nosso, das filhas. ele é o meu Pai, o Senhor, de quase 66 anos, que nunca passa despercebido, mas que eu vou percebendo melhor, de ano para ano. É o meu protetor silencioso, o super-preocupado sem ser sufocador, o disciplinador que tenta sempre ter razão.
É meu. É nosso. É o melhor que nos poderia ter sido entregue pelo Universo.
Não tem computador, não usa a internet, sabe lá o que é um bçpgue ou o Facebook... mas tem uma gaveta só dedicada a todos os presentes e trabalhos manuais que a minha irmã, eu e agora o meu sobrinho-afilhado lhe fizemos ou dedicamos. Tem uma fotografia passe, de cada um de nós, na carteira. Tem o crucifíxo que lhe oferecemos há uns 15 anos atrás, todos os dias, ao pescoço.
E é por isso, que neste dia, neste 1º dia, me sinto como que a falhar. Sem me esquecer.
Por isso é que hoje, todas as expressões de amor pelos Pais do Mundo me parecem vazias, àquem - por muito que o Amor seja o mesmo.
Por isso é que hoje, aturar o Sogrinho é (ainda mais) doloroso e sem sentido.
Porque hoje é o 1º dia do Pai, sem ver o meu Pai, na minha vida.
Não há imagem da internet que possa por aqui. Não há citação que descreba amor + saudade + distância + ter que fazer de conta que é um dia igual aos outros.
É o dia em que o meu Amor vai ter que abafar a Saudade e passar pelos fios do telefone, em segundos, até ao Porto, até à casa dos meus pais, até ao beijinho na testa que hoje não recebo.