Do que somos feitos:
Ontem, utilizei, PELA PRIMEIRA VEZ, uma das funções mais famosas do WhatsApp: o ditado, a converseta em tempo real.
Sim, pareço uma beilha info-excluída, mas graças a esta menina, e a estar a andar na rua, e eu + telemóveis + calçada portuguesa = a perigo.
Olha, experimentei e, em vez dos enormes testamentos, estragados pelo autocorrect, aprendi a fazer ditados para o WhatsApp. E percebi o porquê de ver gente a falar para o cantinho do telemóvel, qual mensagem top secret.
Conversamos:
Estava eu a ir para o metro.
Depois... no metro.
Depois, na fila para renovar o passe.
Depois a caminho para casa, a mentalizar-me para ir ao ginásio.
E, no meio de tudo. No meio de piadas à nossa moda, dissemos algo, que a rir, me fez pensar no quão verdadeiro é:
Há quem sonhe com e fale de diamantes, mas não passe de zircónio.
Eu?
Eu sou artesanato português, daquele pré-moda das lojinhas e das Feiras. Daquele que era feito com o material que havia, mas era feito para durar. Sem marca, sem griffe. Com ambições, mas sem pretensões. Afinal de contas, nunca me soube vender cara.
Nota-se pelo meu "defeito de fabrico único", pelas imensas mossas no "material".
Mas não desfaço, não rompo. Nem quando parece.
Como das brincadeiras e das piadas, no metro, consigo ter enormes raciocínios filosóficos, e perceber mais de mim.
Obrigada meu amor.