Do Dia da Mulher
O Sol brilha lá fora, o calor promete chegar.
Eu, eu estou na minha cadeira, a martelar as teclas, num sem-fim de tarefas - porque a vida não pausa, lá porque se esteve a trabalhar a 600 km do local "normal".
O Sol brilha lá fora, o calor promete, tal qual como há 8 anos, quando a 8 também me reencontrei comigo, com o lado que sempre neguei em mim, com o lado que pensei que ninguém via, ou que não interessava a ninguém.
Lado que, entretanto, no último ano, adormeceu em mim.
Hoje, que a Internet grassa de flores e convites e festas... eu dou por mim, ainda mais "interna", que o habitual.
Não sei se do cansaço de 12h passadas dentro de um carro nas últimas 36 horas.
Sei que, abri esta janela, esta página em branco, e de repente? Apeteceu-me falar de mim.
Da mulher que tem dias que sou, quando não me recuso a crescer de menina, "para cima".
Apeteceu-me relembrar-vos que a Mulher, entidade, organismo vivo constituída por todas nós, é única: forte, luminosa, intensa. Tudo, em positivo e negativo, como a vida, como a sociedade, como os organismos mutáveis. Como as meninas, que passam a Mulheres.
Apeteceu-me relembrar-vos, que, se não nos cuidamos, se não nos valoramos, aparecem ex-cientistas loucos, ex-psicopatas lá do deserto, jamais e tentam roubar-nos de nós próprias. E o pior? 25% das mulheres em relações, deixam que isso aconteça. Eu deixei que isso acontecesse.
Mesmo quando a ironia da vida fez com que o dia em que me entreguei totalmente, tenha sido um 8 de março, dia da Mulher.
Hoje, nos últimos dias, nas últimas semanas, em meses sem fim, que se fundem e se perdem na minha memória, sinto-me muito pouco feminina, muito pouco sexy, valorosa, Mulher. Não o sinto, não o encontro, mas sei que o sou.
E essa sabedoria, este estatuto partilhado, merece ser celebrado, nunca esquecido, nunca roubado.