No seguimento...
... dum post que acabei de "favoritar" da Maria João, percebi que já não me posso pintar como a mau feitio, assustada, escondida, menina-certinha-mulher-louca-na-cama-que-ninguém-imagina.
Tu, psicopata "muito bom" do "Deserto, Jamais!" acabaste com isso.
Quase acabaste comigo, quase caí nas garras do que é partilhar o dia-a-dia contigo. Obriguei-me a sentir por ti o que tu enchias esse peito de armário para dizer aos outros e depois me cobravas entre as minhas quatro paredes, maioritariamente. Forcei-me a sonhar a vida que tu me impunhas. E tu saíste, como sempre, por um fôlego novo, por uma nova loucura, que agora só se estraga uma casa.
Agradeço-te o medo paralisante, os dias em que chorei de cara enfiada no chão, me calei, fugi da minha Cristina (como se isso fosse possível, ela deixa-me é deambular, sempre comigo debaixo de olho), até por curiosidade e sob outro nome, ter aceite procurar ajuda.
Quando dei conta, os meses passaram, as lágrimas pararam, os novos projectos começaram a aparecer. A escrita impulsiva tinha tantos temas que chego a ter pena da A. Mas culminou com um bater do punho na mesa, com o perceber que o não é garantido, que há muito quem brinque com os sentimentos dos outros, mas que não me tinhas "morto"(matado?) os sentimentos, não me tinhas transformado numa menina pequenina cheia de medo dos homens do mundo e que tia já sou, do menino do meu coração. Por isso, não tenho medo de ficar para tia e só não tenho mais gatos porque me falta o espaço e eles são comilões e sujam um bocadinho a casa...
Passaram meses e eu senti, de tudo: senti para acordar de ti, senti porque me encantei, senti quando não esperava (verdadeiramente, eu pensei mesmo que só estava a alimentar o Verão.... shiiiu).
E percebi que já não sou a fria. Sou a conversadora, sou a irónica, sou a que é lamechas em privado, a que é feliz e o mostra porque tem um sorriso rasgado, mas que não o "dá" a um homem, dá-o ao dia-a-dia, aos desafios, às suas pessoas, às suas coisas.
E quando dei conta, tinha o menino-Rapaz ao meu lado, à minha espera, a roubar-me um beijo desastrado e a correr para não ficar em terra (neutra).
Tenho aquele que tem tanto de mim nele, que me surpreende, que faz o meu coração dizer "awwww" sem contar.
Com ele não conto dias, nem meses, nem exijo prendas ou lembranças. Sei, de cor, as nossas datas, afinal de contas, sou gaija. Guardo comigo todos os papelinhos que posso dos nossos momentos. Mostro-lhe, e quando quero, escrevo-lhe o que sinto, ou porque me lembrei dele, ou o que acho que ele vai gostar.
Ele, ao contrário de ti, não me exije, não me analisa, não reúne armas contra mim.
Ele recebe de peito aberto e mostra-me, à maneira dele, que se lembra, que está feliz, que conta comigo, que agradece, que retribui.
Graças àquele Sábado de manhã em que, de ressaca, e provavelmente já a preparares a cama nova para te deitares, me tentaste destruir e abalaste o quase ano que me fiz construir contigo, passado um ano posso dizer: obrigada. Não há dúvida que o medo, o despeito e o orgulho são molas de acção espetaculares para mim.
Só assim sou cada dia mais menina-Mulher, que tem medos sim, mas que cumprimenta os fantasmas, os convida a estarem à vontade em casa e tenta avançar, sem se enredar (tanto) neles.
E avançou, e recomeçou, e encontrou, e luta, e sente e é mais quente por dentro (que aprendeu a gostar de estar na ronha, de conversar sobre tudo, de dizer quando não percebeu o que se passa, que abre os braços e a mente e está presente, que não dirige, mas continua a gostar de ensinar, que deixa viver, com o medinho da distância e do ciuminho, mas que acima de tudo reconhece o espaço pessoal de cada um e sabe que um "gosto muito de ti" não existe para prender ou obrigar a retribuição, mas para aproximar e se "apresentar", sem (tantas) máscaras.