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(Escrito no avião, em junho, quando estava o mais fisicamente próxima de ti, possível)
4 anos.
E parece ontem.
E parece hoje.
E parece faz uma vida - que ainda falta viver e há tantos dias que nem sinto que valha a pena viver.
Lembro-me como uma névoa daquele dia, daquele meio dia e três minutos quando a certeza da tua partida me foi dita.
De como os pais me deixaram sozinha; nas suas decisões e dores; para ser amparada pelo meu marido.
E agradeço-lhe largar o mundo por mim. E olhar-me com Amor, dor e um abraço.
Contudo, a mudança, a solidão começou aí.
Sem ti, sem a tua voz, sem o teu sorriso, sem nunca mais (acreditar).
A dor já não me assola. Nem o desespero da incompreensão.
“Apenas” a saudade, o nunca mais cantado, as estrelas pintadas na pele, o roubo que me vai fazer viver sozinha, sem ti, que me conheceste sempre; até ao dia em que puder ir ter contigo.
Relembro vezes sem conta o sonho do dia anterior à tua morte.
Sorrio a cada momento em que olho para o H. e o vejo mais igual a ti.
Já não estranho falar para o teu lugar eterno, enquanto faço festas no rosto da tua fotografia - embora não goste dela, particularmente, e haja mil mais em que estás mais tu e mais bonita.
Este ano foi o ano da saudade, mais do que qualquer outro sentimento.
De te procurar em fotos, em postais, nos poucos livros que me deste, nos muitos pijamas que me ofereceste mas que não sou capaz de vestir.
Foi o ano de aprender a falar de ti com orgulho e com um toque de falta na voz.
Foi o ano de pensar em voltar a fazer mousse de chocolate só porque sim - mas não fiz porque és tu quem eu quero a repetir a sobremesa.
Foi o ano de voltar a celebrar em família, sabendo agora que estás mesmo sempre “aqui”, enquanto fores vida em nós.
Foi o 4.º 25 de agosto sem ti, de todos os que faltam.
E nunca deixarei de dizer ao vento, ao Céu, a quem se cruze entre nós que: tenho saudades tuas, Anita.
Tive que me despedir da minha carrinha adaptada, com pena, porque a adorava.
Mas, sendo adaptada, e estando a minha condução dependente disso, avançamos para um carro "novo" - não compro carros novos - a escolha caiu sob um carro asiático, híbrido, quase novo, de pouco uso. A adaptação correu bem, no sítio do "costume".
É um carro leve, suave, fácil de conduzir, moderno, sem o ser demasiado. Um pouco de nada mais pequeno do que a carrinha, bonito, fácil de reconhecer no estacionamento.
E eu, que o adoro conduzir, mal posso esperar por me aventuar numa roadtrip com ele.
Quem sabe fazer novos caminhos, num carro novo, me abra novas boas realidades?
Que este corpinho de metro e meio já cá conta com 9 tatuagens?
As duas últimas são pequenas, com pequenos toques de cor e celebratórias dos 50 anos do 25 de abril e dos valores que defendo.
Quando fiz a 6ª e a 7ª disse que ficava por ali, mas agora já nem digo é nada!