Sou uma pessoa de memórias
Desde pequena sempre tive uma memória fantástica: detalhes, datas, pormenores. Dos locais, das pessoas, "daquele" click especial com esta ou aquela pessoa.
Logicamente o meu cérebro já não é o mesmo e já há pedacinhos que não estão tão vivos em mim, como antes.
Mas sou uma pessoa de memórias.
Falo com amor e emoção de dias de há décadas.
De pessoas que já não fazem parte da minha vida.
Daquela refeição.
Daquele vinho.
Daquele monumento.
Mesmo que se tenham passado 25 anos, 7 meses ou 4 dias.
Mesmo que elas ainda custem ou causem confusão.
Ou que me deixem feliz ou assombrada por "ter feito/ido/conseguido".
O engraçado é que, num mundo tão instantâneo, conheço pessoas que acham estranho e desnecessário viver ligada às memórias assim.
A minha primeira reação foi sentir-me mal, "parva", desconfortável, nessa conversa.
Entretanto, caiu-me a ficha: eu sou assim.
O que poderei trabalhar, se o cérebro e a tal da memória mo pedirem é aprender a deixar ir e normalizar.
Mas deixar de ser quem sou, na totalidade dos meus 38 anos? Não.