Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto. Estes são os meus pontos sobre saúde, culinária e lifestyle.
Aqui toda eu sou vírgulas, reticências e, no extremo, pontos de exclamação ou mesmo um ponto final!
E a minha mente não se consegue lembrar dos teus 33. Que irrnã de treta.
Lembro-me de ti. De dentro para fora. Inconscientemente quase todos os dias.
Incluindo aqueles em que ainda me esqueço que me morreste e viverei o resto dos meus 26 de fevereiros sem ti.
Penso no teu sorriso, no teu cabelo perfeito. No quanto queria ser fisicamente como tu, porque me representas calma, na tempestade que vivemos (sabendo ou não).
Anseio pela tua voz, os teus bolos de aniversário, sabendo que não regressam.
Recordo-te em mim, no H., na L.
Nos céus, de pés no chão ou lá em cima.
Mantenho-te em quase todas as histórias, bonitas ou imperfeitas, porque enquanto assim o fizer, quem tu és permanece.
E sinto ser essa a minha parte nesta história inacabada que és.
E há dias em que penso: já vivi tão mais do que imaginava.
Agora percebo porque sofria nos 20's ao imaginar que nada ia acontecer da minha vida. Porque fugia para a frente, porque resiliência era o meu nome do meio.
E enquanto olho pela janela, percebo que foi isso que me levou "longe", a onde estou. Mesmo nos dias que parecem iguais aos de há 15 anos.
O destino é outro, a cabeça, sempre na sua "linha" abaixo, já não desespera, "só anseia". Pensa muito, ainda mais nos outros do que em mim; mas entre os medos, reconhece pessoas boas, oportunidades, momentos, sortes, trabalhos.
Pela janela vejo o caminho que mudou a minha vida.
Não com 2 filhos loiros, um sofá branco e um carro azul; mas com um percurso que é meu, para o bem e para o mal, conseguido por mim.
Mas o que não te contam, quanto te desenraizas, é que Casa passa a ser o mundo, o caminho e o teto que tens; não só aquela, a primeira.
Ninguem te diz que voltar a Casa é sempre Amor, mas também é dor, desconforto, saudade, sensação de não-pertencer.
Tenho a sorte de ter poucos, mas de poder, a cada último dos regressos, ter mais e quem, com sorrisos e abraços, me coloque pensos-rápidos de carinho e amizade, no coração e no cérebro que, simultaneamente, estão felizes, mas doridos.
Casa é casa, mas nunca mais simples e completa. Cega e crente. Amor quente e Porto seguro.
Para termos ambos mais espaço. Eu para o trabalho e os livros, ele para a música e o laser.
A arrumar as prateleiras, encontrei a minha coleção de postais de aniversário. Tenho postais desde 1997 até ao ano que passou.
Foi de aquecer o coração ver as palavras, os desejos. Os marcos da vida.
O primeiro postal que o meu Guica me ofereceu, escrito pela minha irmã, quando ele tinha 5 meses; a celebrar os meus 20 anos e a primeira festa de aniversário dele.
Postais feitos à mão; postais de pessoas que nunca deixaram a minha vida, postais de quem disse ficar para sempre e se foi.
Postais da minha irmã, na sua letra perfeita, com as piadas desse ano.
Postais de pessoas que ultimamente regressaram graças às redes...
Podemos ser pedaços na vida uns dos outros, mas se for em papel, é ainda mais bonito!