Vestir cor, num processo de luto
Faz hoje 4 meses que a minha irmã partiu. Para nós, o dia de Natal fica assim marcado - tal como todos os outros dias 25, daqui para a frente...
Agradeço, pelo menos, ao "Tio Costa" por permitir que possa ter estado com os meus pais (numa pequena consolação) nestes dias tão difíceis, tão sem cor.
Até este ano, a minha maior perda e o meu "primeiro grande luto", foi há 17 anos, com a morte do meu avô paterno.
O meu Avô-Anjo, o avô que considero quase ter sido o único, devido à minha dinâmica familiar.
Noutros anos escrevi aqui sobre ele, no seu aniversário ou da sua morte. Dor e saudade dilacerantes e confusas, inesperadas, especialmente para o meu eu de 18 anos, tão apegada que era a ele.
Nas primeiras semanas vesti luto, o luto que considerei próprio para uma rapariga de 18 anos, acabada de entrar na faculdade: preto ou cinzento sempre com ganga.
E, no pós-Natal, 2 meses depois, vesti a primeira peça colorida: um colete vermelho que ele adorava - e que deixou a minha mãe chateada. Mas nesse dia falámos sobre como a roupa é só um espelho e que o vermelho do colete era o vermelho do amor pelo meu avô.
Este ano...
Este ano, este luto que doí e que me mudou como pessoa, tem sido uma luta.
Não me sinto negra, mas sim vazia. Mas sempre que me visto para a saída semanal para fazer as compras de frescos... tendo para o preto, o beije e o cinza. Sogrinha já me perguntou, preocupada, se sinto a necessidade, se é coping ou se me obrigo. E eu já expliquei: é incapacidade de sentir a cor. Parece-me que as cores falam "demasiado alto"... se me faço entender.
E com isso, em outubro, acabei a fazer uma encomenda na Shein: um casaco preto, e um vestido preto de polkadot verde tropa, sóbrio, na tentativa de ter "uma peça" que me fizesse querer voltar a usar cor - porque com os anos, praticamente deixei de ter cores escuras no meu guarda-vestidos.
E fui guardando, esperando por me sentir capaz.
Quando, no início do mês, estive de férias, 3 dos dias pareceram de primavera, com Sol e calor. E num desses, nuns laivos de "turista em Lisboa" fui caminhar à beira-mar - é sempre onde me apetece ir agora, se saio de casa: ver o mar...
E, 3 meses e 8 dias depois do adeus, voltei a vestir cor. Embora sempre ainda segura e confortada pelos tons escuros.
Hoje, 17 anos depois da primeira vez, continuo a defender o mesmo: o luto não está na roupa, e salvo raras exceções... o luto total não se me vê como necessário.
Mas, desta vez, o escuro é o que me conforta quando tenho que sair e ver o mundo lá fora, talvez porque o buraco no coração continua enorme e eu só queira estar aninhada na sua proteção.
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