Leituras | A vida na Sombra, Amaryllis Fox
Conforme partilhei convosco, em setembro, uns dias antes do meu aniversário, recebi em casa, oferta das editoras Casa das Letras/ Leya, o livro "A vida na Sombra", de Amaryllis Fox, uma ex-agente operacional da CIA.
Como desabafei com a Cláudia, por aqui nos comentários há uns dias, quando me sinto a "encalhar" nas leituras, recorro ao truque de ler o meu género favorito no momento, neste caso, biografias.
E esta leu-se bem: menos de 300 páginas, fluído na escrita, com momentos e locais bem reconhecíveis (para os maiores de 25 anos). Li-o em 4 dias.
Pessoalmente gostei mais da primeira metade do livro, em que Amaryllis partilhou as suas origens, a sua história familiar e os momentos que pautaram a sua decisão de aceitar o convite feito pela CIA.
Percebemos o humanismo e é a fase do livro em que mais se sente o coração da autora.
A segunda fase mostra já uma mulher afetada pelos acontecimentos mundiais que a mudaram (ao mesmo tempo que o mundo: a repressão na Ásia, a queda do Lockerbie, o 11 de Setembro, entre outros). Uma mulher que aceita um emprego para ajudar a acalmar o mundo, mas depressa se deslumbra com o ambiente frenético da agência e com um claro complexo de superioridade sobre os outros humanos.
Dado que a escrita do livro é muito fluída, são-nos passados poucos momentos de introspeção de raciocínio. O que faz com que certas atitudes e decisões (especialmente as do campo pessoal) pareçam desfasadas ou "fora de personagem".
O livro termina onde se suspeitava: numa agente cansada, "usada", que tem a sorte de poder sair e terminar carreira (digamos que Amaryllis vai tendo muita sorte ao longo dos anos...) quando chega a seu limite.
Mas lá está: falamos de uma pessoa que aceitou o emprego à 2ª oportunidade e que apenas o aceitou numa fase de reação ao terror, o fim havia de ser esse.
Para mim foi um 3,5/5. Bom para conhecer mais sobre o mundo geopolítico, bom para relembrar momentos que nos moldam como humanos; mas para mim, muito do descrito enquanto ex-agente operacional deve ser aceite de forma vaga, sem acreditar demasiado.
*livro oferecido pela editora