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Os Contos da menina-Mulher

Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto. Estes são os meus pontos sobre saúde, culinária e lifestyle. Aqui toda eu sou vírgulas, reticências e, no extremo, pontos de exclamação ou mesmo um ponto final!

Qua | 21.02.18

Isto é o que me tem passado pela cabeça:

Faz agora 6 meses que voltei ao ginásio, por estes dias.

Antes disso, já tinha começado a re-educação alimentar há cerca de ano e meio.

 

Quem me segue há uns tempos sabe: estava (e ainda estou a recuperar) com uma péssima auto-imagem. Sentia-me gorda, feia, enorme (no meu metro e meio). Não me sentia eu.

Eu sempre tinha tido a sorte de poder comer o que queria, ter uma boa pele, sem dramas. E pratiquei desporto dos 6 aos 19 anos e depois, on and off, entre os 24 e os 28 anos.

 

Mal cheguei a Lisboa, no espaço de dois meses, o meu corpo começou a mudar: primeiro apareceu o pneu, depois o peso, depois dei por mim "larga". E a imagem que eu tinha na minha cabeça, deixou de bater com a realidade. Foi como se me tivessem puxado o tapete debaixo dos pés. Nunca ninguém (fora a minha mãe, que é direta como uma seta...) me disse que estava "mais gordinha", ou falou de estar a vestir um 38. Sem contar que, "pelo meio" fiz 30 anos e a minha pele do rosto (que dizem que continua a aparentar 25 anos) tornou-se oleosa e "exigente".

O m-R nunca, NUNCA me apontou o dedo ou fez observações (aquele homem é um SANTO! - e engordou "comigo").

 

Mas, em julho, depois de meses a falar com e a chatear a Daniela, que é o meu exemplo pessoal... ganhei coragem.

A re-educação alimentar que comecei por motivos de intolerâncias alimentares não estava a resultar, pelo menos não como via nos outros. Em maio deixei a terapia, após 9 meses sem que a terapeuta tenha mostrado capacidade de me ajudar com a minha auto-imagem, embora eu tenha pedido ajuda inúmeras vezes e levantasse o assunto quase todas as sessões. Foi-me dito que isto "era apenas o meu corpo a reagir às mudanças da minha vida, que o meu corpo engordou para proteger o meu core, e o core das pessoas é no estômago". (WHAT A LOAD OF BS!)

Eu... PASSEI A FUGIR DE ESPELHOS. Eu deixei de comprar roupa em lojas físicas para não ter que ver o meu corpo. Eu maquilhava-me em 5 minutos, e mesmo nesse período de tempo auto-criticava-me como uma louca, como se estivesse em algum programa de Misses. Eu estava nesse ponto.

 

Encontrei na Daniela a minha "mola de ação". Ganhei coragem, ganhei um "par de tomates" e voltei ao ginásio, 7 anos depois.

E vocês têm acompanhado essa viagem. O bom e o mau. O positivo, as expectativas, os resultados. A alimentação low-carb à noite e a falta de ideias para isso.

 

Mas penso muitas vezes que muitos não devem nem perceber o que se passa na cabeça de quem volta ao ginásio porque está em luta consigo mesmo.

E na semana passada, encontrei este artigo.

E revi-me em cada parágrafo.

 

Eu comecei com altos objetivos, expectativas, metas temporais.

Eu comparava-me às outras meninas que andam lá, no ginásio.

Eu só pensava em aumentar peso nas máquinas e a dificuldade dos exercícios, para "provar a minha força" e não passar por "franganita".

Eu comecei por praticamente me proibir de "comer fora do plano" e quase, quase me senti no limite de desenvolver uma compulsão alimentar - aaaah a culpa de comer hidratos nos primeiros 2 meses, cada vez que o fazia só pensava "gorda! GORDA!"... entretanto, fiz as pazes com a comida (QUE EU AMO) e descobri o "meu plano": portar-me bem nos dias úteis, comer à vontade ao sábado, ao jantar, e ao domingo, ao almoço. Não estrago os resultados E não ando a "sonhar com comida".

Ou não fosse eu estupidamente exigente comigo mesma.

 

E tal como o Spencer tudo isto foi mudando ao longo destes meses, e acredito e que irá continuar a acontecer.

A meta que eu tinha estabelecido para os primeiros 6 meses não foi atingida: perder 5 kgs. Fiquei a 900g.

Mas, o "objetivo" agora é: tonificar o corpo, re-aprender a não ter vergonha de olhar para mim mesma ao espelho, especialmente durante os exercícios. Celebrar cada novo exercício como uma vitória e não algo que tenho que suplantar. 

 

Obrigada Spencer (que nem sabes quem sou) pelo artigo.

Obrigada vocês que, leem desse lado.

Obrigada Daniela, temos que ir celebrar isto com uma Francesinha (#emojiabracinho).

Obrigada a mim, por ter agido.

Ter | 20.02.18

Escolhe o teu James Bond:

Contem-me: quem mais está a aproveitar o fevereiro Bondesco da Fox Movies para rever todos os filmes do James Bond?

 

A promo deste mês especial está fantástica e é um ótimo programa, para antes do meu cházinho - e logo agora que Brooklyn nine-nine vai terminar, na Fox Comedy - ver os clássicos que me relembram as tardes de cinema de domingo com o meu pai.

 

Eu sei qual é o meu favorito. O "Verdadeiro". Sir Sean Connery. O primeiro, o gentleman, no mix perfeito de homem, rude, de há 50 anos, enquanto aprende, com as viagens, as pessoas e o mundo a (tentar) ser charmoso.

 

Esta semana entramos no Bond 80's do Moore e do Dalton. Nhécas...

 

Segue-se o Brosnan, o meu substituto aceitável.

E iremos acabar o mês com o Bond "Siberiano", de que não gosto nem um bocadinho, o violento, abrutalhado, sem sentido.

 

Mas prontes, eu, cá estou, só não faço pipocas porque o estômago ainda não está bem.

E tenho ido dormir, todos os dias com um sorriso e as músicas na cabeça.

 

Vá, contem-me lá... qual é o vosso? E porquê?

(post não patrocinado, as Fox's são mesmo um vício, cá em casa...)

Seg | 19.02.18

2ª feira - Completamente no espírito

Sábado fiquei doente.

Qualquer coisa não caiu de "acordo" aqui, no meu estômago de donzela.

Dores, caimbras, dificuldade em respirar, até. Ontem, cada bocadinho que tive? Enfiada na cama a dormir. O Snape como minha companhia, a dar-me miminho e a dormir em cima da minha barriga, para me manter quente, como se ele soubesse tudo.

Só me levantei para tratar das refeições, da sopa e das marmitas - e mesmo assim, tratei de 3 refeições, em vez das 5.

 

Já à noite, depois do cházinho tomado, e enquanto o m-R estava num concerto... adormeci a pensar.

Há 9 anos atrás, começavam os acontecimentos que, sei hoje, me trouxeram até quem sou hoje.

 

O "Amor louco".

Lisboa como "objetivo".

O mercado de trabalho.

A depressão profunda.

A contemplação do suicídio.

A magreza extrema.

A independência.

O hedonismo.

As paixonites, e a noção de que não conseguiria voltar a Amar loucamente.

A carreira profissional a crescer.

A carreira profissional a mudar.

O encontrar um companheiro, um amante, um amigo.

O re-aprender a sonhar.

O aceitar que sou uma sonhadora nata, não-cor-de-rosa, mas que vive no seu mundo próprio - e não há nada de errado nisso.

O declínio físico.

A mudança corporal.

A luta pelo controlo e pelo regresso a mim mesma.

 

Nove anos, nem é uma década.

E parece toda uma vida.

"Perdi-me" da rapariga que começou esta caminhada. Muitos dias, quando me relembro, nem quero acreditar que somos a mesma pessoa. Que fui capaz. Porque, apercebo-me agora, o medo vem com a idade.

 

Vem o medo, vai-se a mágoa.

 

Ontem, pensei, recordei e perguntei. 

Como raio, em tão pouco tempo, "vim aqui parar". Quando, ao mesmo tempo, pereço olhar para uma vida que nem foi minha.

Voltei a parar nas mesmas encruzilhadas. Voltei a questionar os meus "coulda. shoulda, wouldas" pessoais, os de sempre.

Apercebi-me que consigo sorrir onde antes houve dor. Que continuo a sentir carinho e curiosidade onde, hoje sei, antes houve amor. E que, há amor, que hoje, sei foi falso, foi interesse.

 

E cá estou, viva.

Quando considerei não o estar.

Muito mais rica do que sonhei ser, como pessoa. Com metas pessoais atingidas.

Mas muitos dos meus dias, na dúvida e na dor - é a minha natureza e começo a aceita-la, sem medo ou vergonha.

 

Nada como ficar doente a um domingo, num mês que me é tão dicotómico, para começar a semana com a cabeça na lua.

Verdadeiro monday blues.

Qui | 15.02.18

Receitas | Como sobreviver à rotina das marmitas

Último, sou uma amiga-leitora desnaturada, mas cá estou.

Aquando do meu post e dos teus, falamos do eu trazer marmita para o trabalho 90/95% dos dias, e de como "este mundo" é novo para ti e a rotina se instala.

 

Não vou ser "cor-de-rosinha", a rotina instala-se. O que me salva é cozinhar para dois e o m-R também ser adepto das marmitas!

Nos 3 anos que vivi sozinha praticamente não cozinhava. Cozinhar para um não me motiva (daí ser tão apaixonada por sopa ahahah); e os meus melhores amigos eram os pacotes de batatas fritas e de gomas (sim, sim, eu era saudável prá xuxu!).

 

Juntar-me e ter um gaijo que gosta de comer fez-me aprender receitas. Volta e meia estar no desemprego ensinou-me a cozinhar bem, saboroso e barato. Ter locais de trabalho que apoiam a prática da "marmitice" ajuda-me a controlar as intolerâncias alimentares e a poupar. #winwin

 

Então e m-M, quais são os teus truques?

Antes de entrar no hábito low-carb para o jantar era mais "fácil": fazia jantar para 4, em vez de 2 e prontes, 'tava feito, maaaaas também era mais aborrecido. Estar sempre a comer o que comemos no dia anterior é uma seca.

Agora com as refeições sem acompanhamentos de hidratos tenho que ser inventiva. Até porque aproveito o almoço para comer a "grande dose" de hidratos do dia.

Durante meses li e li sobre planeamento de refeições. Vi e vejo os videozinhos do Tasty sobre meal-preps. E digo já aqui: aquela cena de cozinhar 4 e 5 refeições PRATICAMENTE IGUAIS, para andar a comer às migalhinhas faz-me confusão!

 

Vai daí, criei o meu plano de refeições a "mais", mais do que "pré-preparadas nas caixinhas separadas, como se vê nas internets".

  • Descongelo e/ou cozinho proteína "a mais" ao jantar, vario é os molhos para o dia seguinte: bifes ou peito de frango, carne de novilho picada, postas de pescada, filetinhos de peixe, tofú... molho de caril, vinagrete, massa de pimentão...;
  • Aproveito todas as saladas em "fim-de-prazo" que encontro, e como-as logo no dia seguinte, aproveitando que já vêm embaladas e com tempero (e às vezes, sementes ), sem adições de sal;
  • Cozinho acompanhamento (hidratos!!!!!!= para 2/3 refeições (faço um tacho médio de arroz, faço um gratinado de batatas, cozo massa simples...) e "rodo-as entre si", para não enjoar, no domingo à tarde. Poupo tempo, poupo energia e corto nos desperdícios;
  • Recorro à minha amada sopa - quando me "falham refeições" - e levo um iogurte/gelatina e uma peça de fruta (as minhas opções para almoçar fora, perto do trabalho, são financ€iram€nte proibitivos).

 

Eu, que jurava que não me ia fechar na cozinha a fazer "bateladas" de comida, ao domingo... agora faço. E pior, ando a magicar receitas durante a semana, toda contente.

 

 

O meu "truque" para não me deixar desmotivar é:

  • não fazer sempre os mesmos pratos
  • aproveitar para fazer novas receitas, exatamente para ter vontade de as comer nos dias seguintes
  • fazer tudo numa tarde, e em quanto mais "frentes" melhor (fogão, forno, air fryer) - não há melhor sensação do que pensar "menos uma preocupação", enquanto nos sentimos orgulhosos de nós próprios e bons providers para a família - sim, este momento foi "primitivo" e um pouco sexista, shoot me 

Desse lado, há adeptos?

E truques e melhorias aqui para a je?

 

Qua | 14.02.18

Visita | Museu Nacional do Traje e Jardim Botánico

Há duas semanas, aproveitando o fim-de-semana de sol e antes deste maravilhoso brunch, decidimos aproveitar um dos muitos programas pelintras, que ainda não tínhamos posto em prática.

Visitar o Museu Nacional do Traje! A 10 minutos de casa, gratuito aos domingos e com um jardim botânico incluído? Até tenho vergonha de assumir que não conhecia.

 

Aproveitamos que nesse dia estava sol (esqueçamos o friiiio!) e lá fomos. Cedinho, porque não sabíamos se as visitas gratuitas não eram só até ao meio dia.

Chegando cedinho (pelas 10h) o estacionamento à porta do museu ainda é fácil, e vimos isso como um sinal de que ia ser uma manhã gira e diferente.

 

À chegada basta visitar a receção e nem se colocam questões: bilhete grátis, com acesso ao jardim botânico e ao Museu do Teatro - este teve que ficar para uma próxima visita. Há ainda a hipótese de comprar um bilhete-donativo que vai dos 2 aos 10€: nós oferecemos 2 de 2€, mas na próxima visita, para ficar a conhecer o Museu do Teatro vamos optar pelo bilhete-donativo conjunto de €5, achamos que não só o espaço merece, como faz mais sentido.

 

Passando ao Museu Nacional do Traje, propriamente dito (não tirei fotos porque me sinto sempre constrangida de fotografar Museus, mas partilho fotos da net), é muito bonito! Há algo de mágico no espaço ser um antigo palacete.

 

Está desenhado para representar os trajes e a moda em Portugal desde o final do Renascimento ao séc. XXI e está organizado por ordem cronológica, o que torna a viagem, pelas décadas, muito engraçada de se fazer.

 

Adorei a forma como enquadram História, Cultura e Moda, com exemplos portugueses - reis, escritores, músicos, etc.

Tudo isto enquanto vamos caminhando pelas salas e salões (e até mesmo pela capela!) do palacete!

 

Para nós, miúdos dos anos 80, foi especialmente engraçado ver as duas últimas salas, já no século XX, em que reconhecemos a roupa das nossas mães, das nossas avós e da nossa adolescência.

Acima de tudo, é muito gratificante ver que grande parte das peças dos últimos 70 anos são doações!

 

A visita, feira com calma, prolongou-se por quase hora e meia.

No final, demos um saltinho ao jardim botânico, lindo!

Espécies raras, árvores centenárias, fontes e repuxos, arcadas... senti-me no século XVIII.

O único senão? O gelo que estava!!! Aguentamo-nos 20 minutos, e já batíamos o dente.

 

Mas não demos por perdido. Descobrimos uma pérola e ainda temos o Museu do Teatro para visitar. 

Só nos fizemos prometer, um ao outro, que visitamos... quando estiver mais quentinho!