Abraçoólica
Lembro-me de quando era uma rapariga quasi-obcecada por abraços.
Para mim, num abraço podia estar a(s) resposta(s) à(s) questão(ões) mais importante(s) do mundo.
Um abraço, se bem dado, entrega, por entre os braços e a força do "aperto", o sentimento que as palavras não conseguem mostrar, ou que os olhos não conseguem dizer.
Há uns anos, eu pedir um abraço, eu dizer que esperava por um abraço... era das maiores provas de carinho que eu podia dar a alguém. Um tipo de prova que acho que nunca ninguém compreendeu decentemente (tirando a My Cristina, vá).
Até que pessoínhas me foram usando e abusando dos abraços.
E me magoaram através deles.
Fui largando o amor ao abraço, à segurança nos braços de outro alguém, ao inspirar o perfume e ao guardar de um momento, que pode viver num abraço.
Hoje, chego ao ponto de ser surpreendida pelos mínguos abraços que ainda existem; fico até constrangida.
Mas, esta semana, por entre conversas normais, por entre confissões difíceis, por entre a nostalgia e a solidão que a época natalícia me trazem, dei por mim com falta de abraços.
Pior, com a falta da possibilidade de dar os abraços que queria dar, a quem queria dar.
É nestes momentos que tenho saudades do meu eu de 24/25 anos, tão ligada que era ao que sentia, que partilhava tão bem essas "necessidades".
Tenho saudades de ser abraçoólica, mas acho que o mundo não se coaduna com isso. E ao fim e ao cabo, é o mundo que nos molda.
(Lá está, sou uma girl from the last century)