Não tentes agarrar o tempo
Esta semana voltei à (minha) luta interna.
Estou nostálgica, não há como nem porquê (me) negar.
Olho para o espelho, olho para a minha mente e não sei "para onde fui". Para onde foi o tempo?
Não sei se é da memória que me falha, ou do estar a largar pessoas e lugares (a retirar-lhe o brilho do "cor-de-rosa"), mas não consigo sentir para onde fui o eu que construí entre os 25 e os 29 anos.
É como se esses anos, esses tempos de tanto (TANTO!) tivessem desaparecido, para um buraco negro; e eu não me reconhecesse hoje.
Luto com a gratidão (da casa que consegui e tenho, do companheiro com que sempre sonhei, da vida "arrumadinha") e com a saudade (a liberdade que não sabia que tinha, a rede de apoio que foi falsa ou se esfumou, a coragem que falta).
Luto ao ponto de me obrigar a sorrir. Luto ao ponto de querer pegar no telefone e o pousar, enquanto encolho os ombros e passo para a próxima tarefa, tentando ocupar a cabeça.
É uma semana difícil, por falta de descanso. Por falta de não chegar aonde quero. Por excesso de silêncio e solidão.
Digo para mim: é só uma semana má, e eu até já tive piores.
Sorri rapariga, sorri.
E depois as músicas tocam, a minha única companhia. E as memórias, meias que enevoadas, voltam. E dou por mim a pensar nos coulda, shoulda, woulda's da vida, nas pessoas, nos lugares que já passaram e não voltam. E sorrio, mas melancolicamente.
Desta semana fica-me uma frase, que me chegou à mente, numa das horas de almoço que passei, sem comer (sim, a minha compulsão alimentar é não comer quando me sinto em baixo):
Não tentes agarrar o tempo, ele não é teu para o segurares. Ele é a areia movediça, a ampulheta que vai decorar os dias. O melhor que podemos fazer? É dar-lhe cor. Se possível? Muitas cores, e alegres.