Qui | 29.06.17
Tenho epilepsia, e agora? | Como lidar com crises:
Já não é a 1ª vez que falo por aqui de ter epilepsia, ou melhor, de viver com epilepsia.
Nunca o desenvolvi muito, primeiro porque durante anos o vi como uma fraqueza, depois porque a aceitei na minha vida, e chego-me a esquecer dela.Nas últimas semanas, temos vindo a conversar sobre escrever sobre os nossos tipos de epilepsia: eu tenho epilepsia de ausência, ele tem convulsiva.
Para quê? Para partilhar/ ajudar/ ensinar a lidar.
Porquê? Ora, porque se há textos, por esses blogues fora, cheios de dicas, para tudo e para nada... porque não escrever sobre um assunto que é real, que é "invisível", mas que podem ver acontecer em qualquer lugar? (eu cá, que sou féxon, já tive uma crise epilética numa paragem de autocarro...)
Passem pelo blogue do casal mais fofó-realista da blogosfera e vejam a história e as dicas do Pedro para lidar com epilepsia convulsiva.
Esta é a minha história e as minhas dicas sobre como lidar com uma crise e ajudar alguém que tenha epilepsia de ausência:
Epilepsia de ausência, no meu caso, pode ser confundida com uma perda de açúcar severa, no sangue. Foi exatamente por isso que demoraram quase um ano a diagnosticar-me... (num próximo post, se quiserem, posso contar-vos como, num hospital, chegaram a confundir uma crise minha com... toxicodependência )
A (minha) epilepsia de ausência manifesta-se por:
- aumento/diminuição drásticaa de temperatura corporal
- tremuras no corpo (menos fortes do que convulsões, quase como espasmos musculares)
- perda de forças
- palidez repentina e extrema
- olhos baços
- incapacidade de reagir, falar, responder
- incapacidade de lidar com a luz
Nunca perco a consciência, mas apenas consigo concentrar os esforços do corpo em respirar. O que torna tudo mais difícil, porque ouço as pessoas preocupadas, mas não lhes consigo responder.
O que devem fazer?
- deitar(-me), de preferência numa sala sem luz
- continuar a comunicar, para normalizar a situação
- dar água com açúcar, natural, em pequenos goles
- segurar a cabeça, no caso de tremuras fortes
- arejar o local/sala onde a pessoa está deitada
- não deixar a pessoa sozinha, nas primeiras 4 horas
- tentar facilitar o sono ao fim da 1ª hora, após a crise
- não dar alimentos sólidos nas 3 horas seguintes à crise
Eu, já entrei numa rotina tal que, quando vou de férias com mais pessoas, quando começo um novo emprego, quando saio à noite com pessoas novas... já tenho um drill e um pitch pronto a apresentar... mas demorei anos a sentir-me à vontade e a reunir estes pontos.
Ao fim e ao cabo, tal como sinto com a PC, eu tenho a epilepsia, ela não me tem a mim ;)
Que acharam destes nossos posts, há questões desse lado?
Que mais gostavam de saber como é (con)viver com epilepsia?