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Os Contos da menina-Mulher

Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto. Estes são os meus pontos sobre saúde, culinária e lifestyle. Aqui toda eu sou vírgulas, reticências e, no extremo, pontos de exclamação ou mesmo um ponto final!

Sab | 27.05.17

Para que não (te) esqueças...

Isto de já não ter tanto medo de olhar para dentro, de olhar para mim; isto de já não me ver só como negra, mas ver-me mais como humana; faz com que me aperceba mais do que me rodeia, sem me sentir tão tomada pela mágoa.

 

Quer dizer, ainda doí, ainda treme cá dentro aquela sensação recorrente de "não sou relevante", de "vou ficar para trás". Mas oiço-me, sacudo as "gotas do meu capote", para não me pesarem tanto e para que eu consiga continuar a viver e a vivenciar; e faço o que consigo para andar em frente.

E de repente, mais do que doer, vejo, claramente os padrões. Dos interesses, das relações abusivas, do eu dar e receber só quando dá jeito, quando não há mais ninguém, numa gratidão momentânea.

E percebo que o amor é grande, forte, bonito, construído em memórias e momentos, mas que a vida avança e segue. Até ao próximo momento, até à próxima necessidade, até ao próximo sorriso.

E, ao invés de me insultar a mim mesma, ao invés de me tentar magoar e de me tentar diminuir, quando me percebo menos para os outros do que eles são para mim, ou do que eu gostava de ser... respiro fundo, reconheço a dor, que já existe, mas eu fui relegando; digo-lhe olá, porque ela vive cá dentro.

E avanço eu, na loucura ocupada da minha vida, não me prendo aos outros, à espera deles, para ocupar os meus dias.

E no final, sem ponta de malícia, sem fazer de propósito... quase me esqueço deles. Porque vou vivendo eu, em mim.