Algo vai mal no reino da "Dinamarca"...
Devido a problemas de saúde (alergias e intolerâncias alimentares) fui obrigada (pelos médicos) a fazer uma dieta proibitiva, muito rigorosa, durante 3 anos da minha infância.
Durante 3 anos comi os mesmos 6 alimentos, cozinhados da mesma forma, nos mesmos pratos. Era-me permitida "uma asneira" por MÊS! E era certinho, direitinho, que no dia seguinte estava pior.
Não é de admirar que, por um lado, a minha estrutura corporal tenha ficado marcada por isso - tenho uma cara magrinha e esticada, por "natureza" e, até há 3 anos, ficava com um ar emaciado, mal perdia mais do que 3 kgs.
Entretanto, com a mudança para Lisboa e várias alterações de saúde, mais do que engordar (5 kgs), ganhei volume, xixa, gordurinha...
Pelos motivos das alergias e intolerâncias, comecei a re-educação alimentar de que, volta e meia, faço aqui no blogue. Tornamo-nos flexitarianos, lá em casa. Regressei ao yoga, começamos a fazer caminhadas... mas a verdade é que, ao contrário, de muitos testemunhos na net, não perdi kiiiiilos, ou volume.
Perdi e tenho lutado para manter, estes resultados. Pouco mais consegui do que isso, nos últimos tempos.
Quando, aos 13 anos, me deram carta para comer "normalmente", outra vez, prometi a mim mesma que não iria entrar em dietas malucas, proibições fundamentalistas e sofrimento por causa da comida. Sabe Deus o quanto enjoo só de pensar naqueles 6 alimentos que comi, "sem fim", todos os dias...
Mas a verdade é que, ontem, dei por mim num raciocínio muito perigoso: percebi que, nesta semana fora, me tenho limitado, controlado e pior, quase culpado, no que como.
Sopa a TODAS as refeições, salada em TODAS as refeições (e duas refeições foram mesmo apenas e só salada), carnes só grelhadas e no forno, peixe... e muito pensamento no processo de comer sobremesa (em refeições de trabalho, pelo menos com este grupo, faz muito MUITO parte do processo), ao ponto de, ontem ao almoço, me ter sentido culpada enquanto comia o raio da sobremesa...
O tempo, o meu corpo, a minha genética lembram-me que não vou emagrecer do dia para a noite, que não há milagres, mesmo havendo esforço. Mas nunca, nunca me imaginei culpada por comer um raio de um doce.
E (pensem o que quiserem desse lado, riam-se, gozem-me, insultem-me, fechem a janela...) estou preocupada com isto. Não me sinto bem, comigo mesma.