Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto. Estes são os meus pontos sobre saúde, culinária e lifestyle.
Aqui toda eu sou vírgulas, reticências e, no extremo, pontos de exclamação ou mesmo um ponto final!
Mais daqui a pouco arranco para o Porto, para a visita/sessão mensal.
Este mês incluí noitada com MC, jantarada com a A. e Mula Maria... e quiçá Saldos para o m-R, que ele só se entende com o calçado lá em cima.
Estas 3 semanas não foram fáceis, por muito que não tenha tocado no assunto aqui. Foram semanas muito intensas, a nível interno, muito olhar para dentro, muito "ter que pensar", muitos TPCs para a sessão mensal...
Hoje, sinto-me/vejo-me assim, nos meus 5 minutos de daydreaming:
A hot mess, I know.
Hoje sinto-me, como bem dizia antes, uma montanha-russa...
Hoje é 6ª feira, "fim" de uma das semanas úteis mais difíceis dos últimos meses para mim.
Uma situação profissional que seria um "ai que giro", um "isso agora não interessada nada, que ainda falta muito tempo", um "tens uma equipa para te ajudar a fazer isso", para as outras pessoas, tem-me, desde 4ª feira, em ansiedade tremenda. Numa vontade de querer berrar "com alguém", como se deitar as culpas para cima do outro resolvesse alguma coisa e me fosse deixar mais leve, a mim.
O não dormir bem, não tem ajudado. Se bem que hoje sei que sonhei que estava a ver o mar, o que já é extremamente positivo!
Hoje, subo a A1.
Vou a casa, para a única consulta de fevereiro. Para abraçar a minha MC, que estamos as duas a precisar. Para ver a "ervilhinha da A." e Shô Dona Mula. Para ver o meu afilhado. Para comprar sapatilhas. Para ver os meus pais.
Hoje sinto que estou a conseguir focar-me no que partilhei aqui convosco.
A verdade é que, aos 31 anos, percebo que nunca me soube ver a mim. Ainda não sei. Um dos TPCs deste mês para a terapia foi avaliar a minha auto-estima, e não é que ela seja nula, que não é!, mas encontra-la com forças e fraquezas não me é fácil. Porque isso implica encontrar-me, olhar para mim.
Percebo agora que, desde a faculdade que fui vestindo por fora (e quiçá, por dentro) o que sempre achei que queriam que eu fosse. Encenei o papel dos grupos em que me ia inserindo. Acima de tudo, fui sempre ouvindo e seguindo a voz, a vontade, o "certo", o "bonito", aos olhos da minha mãe.
Como se vestir o que ela dizia me fosse tornar mais perfeita. Mais "amável" (passível de ser amada). Mais bonita, mais "normal". E isso apagasse o peso de culpa que sempre senti (sinto?) nos ombros. Por ser deficiente, por ter obrigado a minha família a abdicar, a pagar, a não ter x coisas/momentos/descansos em prol da minha "independência", inserção, "normalidade".
Hoje subo a A1 com peças que fui comprando sozinha, verdadeiramente sozinha, nos saldos, nas últimas 3 estações. Eu, que não ia às compras sozinha para não correr o risco de comprar a "peça errada" de que a minha mãe, amig@, namorado, etc. pudessem não gostar (de mim?). Que levasse a comentários negativos ou a gozo, mesmo.
Hoje, consegui pensar "vou subir a A1, vestida de mim", e quando a minha mãe me vir amanhã, seja o que Deus quiser. Hoje, cheguei mais perto desta imagem com que tenho sonhado.
Não sei se fico linda, se não me faz mais baixa e mais gorda, que eu não tenho espelho de corpo inteiro e não gosto de olhar ao espelho. Mas sinto-me bem. Leve. Pódérósah (mesmo acabando de perceber que tenho um "foguete" nos collants...). Ainda não tropecei com as sapatilhas novas! In fact, deixei de ter estas meninas fechadas na caixa, novas e puras, "à espera", sabia eu lá de quê?
Já o disse e re-disse esta semana, a quem me rodeia. Estou cansada. Não me apetece minimamente ir à terapia - e a culpa não é da terapeuta, que ela tem puxado por mim pra xuxu!
Mas se é para ir, tenho que aprender a ir como "eu".
Para muitos, este é um post sobre uma gaija que está contente porque vestiu uma saia e umas sapatilhas.
Para mim é o dia em que me perdi em pensamentos, a caminho do trabalho, e me apercebi do símbolos internos que uma saia e umas sapatilhas podem ser.