Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto. Estes são os meus pontos sobre saúde, culinária e lifestyle.
Aqui toda eu sou vírgulas, reticências e, no extremo, pontos de exclamação ou mesmo um ponto final!
A verdade é que a Rosana sabia muito bem o que estava a fazer ao oferecer-me este miminho!
Tanto que li o livro em 4 dias e levei-o comigo para Miranda do Douro, para relaxar nos momentinhos livres.
Estamos perante mais um romance, é verdade.
Na minha memória ficará para sempre como a versão portuguesa - no melhor dos sentidos - do "A Culpa é das Estrelas".
Uma história de amor pura, simples, despertenciosa, mas de final trágico.
Foi interessante conseguir reconhecer locais, rever-me nas preocupações de Valentina - tão organizada, tão poupada, "tão pés na terra" - e sentir as páginas deslizarem numa história "provável" e "conhecida", tendo em conta a referência, mas tão boa de ler.
Para mim também foi muito interessante o paralelismo com o mundo da moda e do téxtil, porque já trabalhei no sector.
E foi tão doce voltar a sentir os sonhos e esperanças de personagens de 17 anos. Toda a beleza de concorrer à Faculdade, vendo o Ensino Superior como a porta da "Meca do Futuro risonho".
A minha pena foi ver certos momentos da história serem pouco trabalhados - mais traços da presonalidade de Valentina (eu gosto de "dar a mãos às personagens que leio...), mais nervoso miudinho dos últimos dias de aulas, mais detalhes do baile de finalistas... e uma evolução da doença de Valentina mais realista. Isso e um epílogo das consequências da sua vida na vida de quem gostava tanto dela.
Se gostam de autores portugueses e histórias reais e simples, boas para nos acompanhar antes de adormecer. Aconselho-vos este Amor Sublime.
Tenho para mim que até será um bom presente de Natal para muitos late teenagers, como eu. Aproveitem, ainda vão a tempo!
Não tirei fotos ao hotel - que era bem simpático por sinal - Hotel Turismo, um 3*** mas que está bem ao nível de muitos de 4 que já visitei por todo o país - porque estive a partilhar um quarto triplo com colegas de trabalho...
Mas deixo aqui algumas fotos que tirei... espero que consigam sentir os "fantásticos" 2ºC que apanhei por lá.
A ver se entramos mais no espírito do Yule, que está quase a chegar
(O Arquivo Municipal, local de trabalho executivo)
(A árvore toda eco-friendly do Arquivo)
(O Rio Douro - e do outro lado, lá ao fundo, já é Espanha!)
As cidades são muito pequenas, muito, muito pacatas, quase fantasma... mas soube-me bem levantar ainda de noite e caminhar pelas ruas para ir trabalhar.
Pena que os meus dotes fotográficos não demonstrei as emoções todas... um dia, um dia consigo isso!
Sim, lurkers deste blogue que não gostam de passar pelo blog quando eu estou em baixo, podem clicar ali no x, do lado direito do ecrã, este post não faz o vosso género.
Este fim-de-semana, tudo o que eu desejava era paz e sossego, para recuperar das 12 horas enfiada num carro, em 2 dias e meio.
Cheguei a casa passava das 22.30h. Vinha enjoada e com sindroma de claustrofobia: só vi preto e estrada, fechada num carro com mais 3 pessoas, durante 6 horas e isso não faz bem a ninguém.
Vinha desejosa do meu Snape e do meu m-R.
O meu Rapaz é mesmo o (meu) melhor do mundo - tinha uma massa gratinada com legumes e bolinho de chocolate à minha espera - pena que o meu jantar tenha sido duas garrafas de água com gás... Mas "deitei isso para trás das costas" e fomos dormir os 3, aconchegadinhos na cama. O melhor de tudo? Eu, na minha cama, que tem o cheiro e o abraço do m-R.
Acordo sábado com todas as intenções de relaxar, de deixar o dia passar por mim. De aproveitar que o m-R tinha concerto em Cascais, para por o sono em dia, começar a ler o Per Sempre, estar com o Snape, lavar roupas e por a casa (minimamente) em ordem.
Bem diz o Senhor Murphy - não faças planos. Eu ouço-os e tratarei de tos estragar.
13h. O telefone fixo toca. Parecia uma inóquoca chamada da minha mãe.
14h, não o era. Do nada, uma chamada de uma mãe, que, nas vossas mentes se desenha como uma mãe a querer saber como está a filha, que está a 300 km, esteve fora em trabalho e vai passar o Natal longe dela, foi uma chamada de ataque pessoal.
Na terapia, há 5 anos, quando saí, por falta de dinheiro para continuar, tínhamos começado a trabalhar o assunto "relações materna/paterna". Desde que voltei, há 5 meses, temos até tido breakthroughs sobre o assunto.
Tenho uns pais que fizeram um ótimo trabalho a criar-me. Tenho uns pais que, acredito, considerem ter feito o melhor que sabiam para nos dar uma boa vida, sem grandes faltas ou falhas a nível de sobrevivência.
A verdade é que também tenho uns pais que nunca souberam lidar com o facto de terem uma filha deficiente. Se por um lado se "esfalfaram" a dar-me todas as ferramentas para eu ser funcional e independente; por outro semrpe o fizeram com uma enorme carga de culpabilização, obrigação e serventia, do meu lado. Sempre me mostraram que se sentem culpados por terem feito uma filha deficiente - e descarregam-no em mim, apesar de nenhum dos 3 ter culpa. Sempre me obrigaram a fazer o que eles consideraram melhor, fossem horas infindáveis de fisioterapia, horas loucas de natação, abuso físico e mental por parte de um especialista de motricidade que consultei durante mais de um ano. Nunca fui questionada se me sentia bem, se aguentava as dores, se queria lá estar. Tudo isto acompanhado da pressão de ser sempre boa aluna, não falhar nada, garantir o bom, onde a minha irmã não o tinha conseguido.
Desde pequena que, esta vida de formiga deficiente que tem que passar por normal foi acompanhada por aprendizagem de tarefas de serventia. ao ponto de aos 15 saber gerir um orçamento familiar. Aos 16 saber fazer todas as compras e gestão alimentar de uma família de 4. Aos 17 saber fazer refeições para que todos tivesse comida pronta na mesa, quando chegassem dos seus trabalhos. Não contemos com isto o facto de desde os 10 saber limpar tudo numa casa - menos janelas - para não andar a subir escadotes - e ter inspeções do quão bem o tinha feito.
Quando aos 22 saí da faculdade e não arranjei trabalho "no mês seguinte", como as minhas colegas "bonitas e normais", passei também a sofrer violência física. A única vez que tive coragem de aflorar o assunto, em frente a uma médica que estava preocupada com a saúde da minha mãe... digamos que levei uma tareia quando cheguei a casa. E que este assunto ainda hoje me é dito em tom de ameaça, quando vem à memória da minha mãe.
Enquanto tudo isto se passou, carregando as minhas costas, tenho, "no universo paralelo", uma irmã, mais velha, "normal". Que sempre foi mediana em tudo na vida. Mas que, "espertamente" replicou, qual espelho, a vida dos meus pais, para se ir safando de asneiras e pobres escolhas de vida, porque vive a vida que os meus pais consideram "certa". Confesso e assumo, vivi (e vivo) a vida a tentar "suplantar", melhorar as petos que os meus pais referiram ter sido sonhos para ela, que ela não cumpriu. E, no meu caso, são "dispensados" como "coisas boas que eu lá fiz" - por exemplo, o meu Mestrado, pago do meu bolso, feito em horário pós-laboral com média funal de 16, quando trabalhava a 100 kms da Faculdade, onde tinha aulas diárias foi "uma brincadeira gira, porque me apeteceu".
Juntem a isto uma mãe que foi abandonada pela mãe dela. Mas que ainda hoje, aos 62 anos, sonha ser aceite por ela. Faz tudo e aceita-lhe tudo. Desculpa, esquece, perdoa. Mesmo sem estímulos para tal.
A minha mãe tem problemas por resolver que perfere esconder, omitir. E reage bastante mal, quando os mesmos lhe são apontados. Não vê uma mão estendida como sinal de ajuda, mas sim como sinal de fraqueza.
Este facto dá-lhe conhecimento interno da ferida de abandono. E uma capacidade "maravilhosa" de torcer "facas".
Desde muito nova que oiço que vou ficar sozinha no mundo, que os preocupo porque sou um peso, uma preocupação, uma coitada. Aos 24 anos, quando passava uma depressão por ter sido deixada pelo meu 1º namorado, ouvi calmamente da boca da minha mãe, que "não faz mal, assim ficas connosco, aprendes a cuidar de nós, e não teremos que gastar dinheiro num lar".
No ano seguinte decidi sair de casa. No ano seguinte a minha mãe foi diagnosticada com um cancro gravíssimo.
Cada passo que dou para me distanciar e tentar viver fora deste cíclo, é seguido por um momento qualquer negro, em que sou sugada de volta.
Este sábado a tal chamada inóqua era afinal a pedir-me para ser "pombo correio" da minha avó. Sim, a que abandonou a minha mãe. Desde que nasceu a minha sobrinha L. - que ela nunca viu - e dado que eu moro a 25 minutos de carro dela e a 5 minutos a pé da minha meia-tia; que a minha avó deu em "avó rica" e gosta de mandar dinheiro aos meus sobrinhos - recorrendo claro a mim. Que tenho que ir lá a casa, buscar os envelopes, quando a senhora o quer.
Detalhes: durante TODO o resto do ano, nenhum dos membros da família que abandonou a minha mãe, mas mora aqui em Lisboa, me dirige palavra. NUNCA. Nem Natal, nem aniversários, nem Ano Novo. Nem um "estás boa", "tens fome?", "precisas de alguma coisinha?".
Maaaaaaaaaaaas para fazer de criada, m-M já serve e já existe.
Aaah a tal chamada inóqua era também a pedir-me para convidar a minha meia-tia a ver a minha casa. Digamos que os nossos prédios são tão próximos que vejo a portaria do prédio dela, da minha janela da cozinha.
m-M no seu bom sentido "servente", por muito que não quisesse, acedeu. Convidei ambas. Fui renegada, relegada para último plano, tive que fazer os planos do meu fim-de-semana à volta das vontades e disponibilidade da minha meia-tia e senhora minha avó nem apareceu.
Quando partilho ao telefone à minha mãe o pouco interesse da minha "familia" lisboeta em querer ir ver a casa.... EU sou insultada. Humilhada mesmo. A minha mãe aproveitou o telefonema para me relembrar todos os falsos amigos, maus namorados e planos furados que tive nos últimos anos. E vitimizou-se de seguida, pondo se na pele de sua meia irmã e mãe abandonadora dizendo que a culpa de a minha "família" não mostrar interesse éça minha vida é porque EU não sou interessante, apelativa e simpática o suficiente. Que a culpa da falta de consideração delas não é delas, é minha. E que ela, minha mãe, as compreendia e concordava com elas. Mesmo toda esta situação tendo começado para agradar à minha mãe e tentar aproximar a "família" dado à época natalícia.
Uma hora de insultos depois, de distorção de realidade, eu chorava como não o fiz durante meses. Tentei apelar a qualquer réstia de razão, tentei apelar ao lado humano e diferente de todos nós. Só consegui que a chamada telefónica acbasse quando me calei e as únicas palavras que saiam da minha boca eram "sim, mãe", "combinado, mãe".
Um sábado que eu queria de descanso transformou-se num sábado de choro, de m-R a sair para o concerto em pânico de me deixar em casa. Num sábado de fumar uns 10 cigarros, de mal comer. De ter frases em eco na cabeça, em non-stop. Numa vontade nula e medo enorme de sair de casa. De me por em causa. De não saber como a terapia me vai ajudar, como me vou erguer ou ser alguém nesta dinâmica.
Sinto-me inúmeros degraus abaixo de onde estva, quando atendi aquele telefonema. A 5 dias no Natal, a 12 dias de voltar a nefrentar os meus pais.
E estou atrás de um ecrã, a tentar trabalhar, de sorriso nos lábios.