Do "ser" uma inspiração:
Ontem, durante a tarde, estive no centro de emprego.
Enquanto esperava para me apresentar, fiquei ao lado duma senhora, com os seus 40 anos, que resolveu meter conversa comigo.
Porguntou-me porquê e há quanto tempo estava outra vez "dependente" do IEFP.
Conversa puxa conversa... perguntou-me qual era a minha limitação - já depois de termos falado como o Bicho do Cancro afeta as nossas famílias.
Quando lhe falei na minha Paralisia Cerebral... abriu um sorriso, levou as mãos à cabeça, icrédula. Diria até feliz por eu estar ali, ao lado dela.
Chamou-me inspiração, guerreira, exemplo.
Disse-me que se ia lembrar de mim da próxima vez que se queixasse da vida.
Fiquei um bocadinho incrédula. Respodi com um sorriso, minimizei.
Brinquei com ela, "que este ano ainda não me tinham dito isso"...
Mas caraças. Sei que a minha vida não é fácil, volta e meia tenho uma nuvem do caraças em cima. Tenho tendência para me queixar e deprimir e achar que sonhos altos não são para mim.
Eu apenas lido com a vida. Levo-a para a frente. Continuo sempre. Mas só isso. Só tento não ficar parada.
Mas caraças... não me vejo como heorína, como exemplo, como modelo. Ser colocada em qualquer tipo de pedestal faz-me confusão...
Entretanto no Faicibuqui cruzei-me com esta imagem.
E lembrei-me do sorriso da senhora que me fez companhia ontem.
Se metade das pessoas no mundo reagisse assim à deficiência e à diferença... viveríamos num mundo bem mais justo e de confiança.