Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto. Estes são os meus pontos sobre saúde, culinária e lifestyle.
Aqui toda eu sou vírgulas, reticências e, no extremo, pontos de exclamação ou mesmo um ponto final!
Pensando, obrigando-me a pensar... a verdade é que a relação com o m-R é óptima, mas o passo que dei para a cimentar, está a custar caro.
Damo-nos otimamente bem, quem nos conhece baba-se a olhar para nós - embora já tenha ouvido que ele gosta mais de mim, do que eu dele, a essa pessoa, o meu muito obrigada!
Temos muitos stresses domésticos próprios de, com a mesma idade, termos tido educações muito diferentes. Mas, como diz a My Cristina, ambos temos aprendido e temos sido muito lindos meninos, porque temos trabalhado a paciência.
Ver amigos com vidas muito menos seguras do que a nossa comprar casa, ter filhos, viajar, etc... tem criado mossa. Tem, e no fundo, não falamos muito nisso. Focamo-nos em sonhar juntos, talvez para nos motivarmos mutuamente.
Ele está num período de estagnação profissional, de quase comodismo. E tem dias em que volta para casa muito revoltado.
Eu trabalho num ambiente horrível, onde desde há mais de meio ano sou pessoalmente atacada. E luto, todos os dias para por um sorriso para a minha equipa, para destilar o veneno quase todo antes de entrar em casa. Porque eu sou insuportável. Sou daquelas pessoas que com os nervos, grita, grita, grita e parece que deixa de raciocinar. E ninguém que ser recebido assim, quando chega a casa do trabalho, né?
Por isso, sim. Parte dos problemas que se levantam vêm de rotina, de silêncios (dos quais ele nem deve dar conta). Eu sei, e assumo a minha parte de culpa.
O facto de estar em Lisboa vai para 3 anos e "nada ter acontecido" faz-me muita especie.
Desde os meus 21 anos que cá vinha, frequentemente e sentia, "nos ossos", que aqui ia ser a cidade da minha vida adulta.
Então porque raio não encaixo???
Já tentei começar atividades, já procurei ajuda psicológica.
Sempre que o estou quase a conseguir: pimbas! Desemprego.
Estou tão ou mais insegura profissionalmente aqui, do que estava no Porto, a diferença é que aqui, "as pessoas" não notam tanto.
Isto leva a que, só fora de Lisboa sinta que estou a descansar a cabeça.
Isto leva a que a vontade de ir ao Porto diminua, com os meses.
Isto leva a que eu não saiba que raio faço no Planeta Terra, sequer.
Tudo isso enquanto sou parte de um casal que parece perfeito e muitas pessoas me achem um doce.
Neste momento, depois de um Natal como o que passei, não consigo escrever um "Melhor de 2015", cheio de esperança.
O meu 2015 começou tremido. Aos primeiros dias mostrou-me luz e esperança (essa cabra!).
Depois? Deu-me uma sobrinha-princesa.
Deu-me o 10º aniversário do meu sobrinho-afilhado.
Deu-me muitas lágrimas de saudade, muitas lágrimas de alegria.
Muita inadaptação.
Começaram os problemas no trabalho, que só se agudizaram.
Retirou-me qualidade de vida, tempo com a família, tempo com o m-R.
Levou-me familiares e o meu Botinhas.
Trouxe o Cancro de volta à vida da minha mãe. Trouxe a reforma do meu pai, ao fim de 56 anos de trabalho.
Trouxe férias no estrangeiro ao fim de 5 anos. Trouxe uma ida à Tv.
Ofereceu-me a My Cristina de presente, pelos piores motivos do mundo.
Mesmo para fechar, ao visitar o Porto: deu-me uma chapada de luva branca.
Um "acorda para a vida".
Uma vontade de rasgar tudo o que sou, até hoje.
Chega de lutas.
Não serei vista como boa filha, boa profissional. Amiga... nada de especial.
Sou controlada, minimizada, relegada pela minha própria família.
E sinto-me uma sado-maso. Porque volto sempre.
Porque acho que um dia me vão dar valor, reconhecer, mostrar amor.
Estou numa fase em que sinto que a minha própria família me faz fugir do Porto. Onde é que já se viu? Morrer de saudades da minha cidade, das minha raízes, exatamente... por causa de quem lá me criou?
O Porto... é-me agridoce.
Morro de saudades da minha liberdade, do quão bem me entendia lá. Morro de medo de lá ir, com medo do que a minha família me vai fazer.
Nos últimos meses já houve violência física - fora a verbal e a psicológica, que essa sofri, desde que tenho memória.
Ou seja, aos 30 (os supostos fabulosos 30) estou desterrada.
Tiraram-me a minha terra e não me reconheço onde estou.
Até a vida em construção com o m-R está em causa.
Vamos para 3 anos juntos (a tempo inteiro) e a "vida não avança".
Dentro em breve vou ficar desempregada e voltarei a ser um "peso" para ele. Impedindo sonhos e ideias que, com a idade e a evolução, são certas, para os outros.
Amaldiçoo-me por sonhar.
Sinto que prendo aquele Rapaz a nada. Sinto que o começo a afetar com a minha baixa auto-estima e atitudes depressivas.
E há outra pessoa.
Na minha mente. Apercebi-me disso, há quase 4 meses.
Tenho-o negado a mim mesma. Por um medo enorme de estar a confundir-me, de estar a deixar a outra pessoa confundir-me.
De estar a deixar que a vida (in)feliz que levo em Lisboa, com um monte de responsabilidades e chatices e paciência que tenho que ter, "por acrescento"., confundir-me.
Mas há outra pessoa, que me faz questionar a vida que construí nos últimos 3 anos. E odeio-me por isso.
Não quero deixar o m-R. Não quero. Não vou.
Mas Deus, sinto-me uma pessoa horrível por amar uma pessoa e dar por mim a pensar no que outra pessoa gosta de me fazer pensar: " e se".
Nunca me tinha visto assim, como a rapariga que ama o seu namorado, tem uma vida encaminhada, momentos muito bons, mas consegue sequer pensar noutra pessoa.
É tudo mental, não há nem houve qualquer traição. Mas vejo-me como uma namorada horrível, má, que não merece nada de bom.
Até porque quem conhece o m-R fora daqui, sabe que ele consegue ser um verdadeiro príncipe.
A minha vontade de fugir de mim mesma é enorme.
As palavras que ouvi no Natal no Porto batem-me, magoam-me:
"Se não gostas de Lisboa, porque raio ainda lá estás? Não fazes nada para voltar [para o Porto]?"
"Somos dauqelas pessoas que querem as coisas da vida, quase acreditamos que podemos ter. E depois lembramo-nos que não somos bons o suficiente, não as merecemos".
Sai 2015. Um ano misto.
Vai entrar 2016. Que dizem os astrólogos, vai ser mau para o meu signo - tudo, quando estou em baixo, me parecem "sinais".
Vai entrar 2016 e o meu sentimento reinante é medo e vergonha própria.
Vai entrar 2016 e eu tenho que me refugiar no blog, escrever um enorme texto, que vai contra todas as vibes de esperança (essa cabra!) que povoam a internet. Porque nem um amigo tenho para conversar sobre isto.