Uma não chega, venham duas...
O meu Botas, o meu gato branco e caramelo morreu.
De madrugada, depois de todas as esperanças que nos deram.
Morreu sozinho. Ou melhor, rodeado de estranhos, de bata.
Se calhar foi para o céu dos gatinhos a rogar-nos pragas, aos donos que o deixaram no veterinário a ser picado e com uma sonda.
O Botas era grande, lindo, fofo.
Mas tinha medo de tudo. Muitos traumas. Muitas más memórias. Ficava pequenino, encolhido, assustado.
Morreu com um pico de febre e uma paragem cardiaca irreversível.
Eu senti, no coração, desde que ele foi internado, que não voltava a casa, a minha bolinha de pelo.
O m-R, racional, científico, acreditou, até ao fim que o conseguiamos salvar.
Não conseguimos.
O m-R chorou até dormir, na noite em que fomos informados.
Eu vou chorando.
Sei lá, talvez porque quando entro na sala, olho para o meu S. e continuo a achar que o meu Botinhas vai voltar.
Ele que adorava enroscar-se comigo no sofá.
Foram 3 anos a lutar e a fazer tudo para que ele fosse feliz. Atenuamos os traumas, todos os dias celebravamos as provas de confiança e amor que ele nos dava.
Toda a gente nos diz que, connosco, ele foi feliz e amado.
Eu só peço que ele aceite enroscar-se comigo, no céu dos gatinhos, quando eu lá chegar.
Eu só peço que o meu Botinhas já não esteja zangado connosco.
Temos saudades tuas, dos teus olhos verdes e do teu ronron e da tua barriguinha.