Fascínios
Se alguém me dissese, há 3 anos, que agora estaria onde estou e "seria" quem sou, não acreditava.
Sei que pareço um cliché andante. Mas não acreditaria mesmo.
Era a rapariga que "sobrevivia" aos dias com a ajuda de terapia psicológica mensal, certinha que nem um relógio.
Uma rapariga que tinha medo da sua sombra, terrores e ansiedades acabada de sair de um namoro violento e abusivo.
Trabalhava em algo que gostava mas com um contrato precário.
Tinha começado a viver sozinha - e aproveitar a solidão para me isolar.
E em Maio desse ano, tudo começou a mudar.
As sessões tornaram-se mais leves, mais focadas em mim.
O medo não desapareceu, mas tornou-se suportável. Especialmente quando decidi começar a não ter vergonha do que tinha passado.
O m-R entrou na minha vida, de surpresa.
Decidi arriscar e candidatar-me ao Mestrado.
Passei a viver mais a minha casa, as minhas vontades e menos o status de "ser independente".
Estes últimos 3 anos têm sido um fascínio.
Mesmo nos momentos maus.
Mesmo nos negros.
Fascínio de sentir que, querendo, focando-me, pedindo ajuda, aceitando ombros, tudo se vive.
Tendo o m-R ao meu lado. Haverá no mundo pessoa mais fascinada do que ele?
A sério? Há dias e dias e dias em que me pergunto: que raio vê ele em mim? Como pode ele gostar de mim? Amar-me? Aturar-me? Querer construir a vida, do agora, comigo?
Eu? Deficiente. Insegura. Marginalizada. De auto-estima flutuante. Lutadora. Teimosa. Impaciente. Com mau feitio. E um monte de fantasmas atrás.
Deve ser a história dos "testos para cada panela".
E também isso me fascina.
Já não morro de medo. Já não analiso tudo a toda a hora. Vou pensando. Deixo-me pensar.
Fascino-me com o fascínio dele.
Fascino-me com as voltas da vida.
Fascino-me com o "que ontem era, hoje já não é".
Fascino-me a pensar em mim.