Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto. Estes são os meus pontos sobre saúde, culinária e lifestyle.
Aqui toda eu sou vírgulas, reticências e, no extremo, pontos de exclamação ou mesmo um ponto final!
Não sei se alguma vez confessei aqui, mas: eo detesto (ouvir) o Enrique Iglesias.
Nunca gostei. Nem com as hormonas aos saltos, de adolescente de 13 anos, quando ele apareceu a cantar a 1ª música do chorrilho de todas aquelas que parecem iguais.
Shoot me, mas não consigo gostar das músicas, dos instrumentais, do sotaque, das parcenças físicas com o pai.
E o que é que o Iutubí acha que eu havia de gostar de ouvir?
Isto:
Iutubí, vá, conta-me lá: andas metido na pinga ou o pessoal responsável pelo teu algorítmo anda metido nas drogas?
Em que terra é que ouvindo Queen, Garbage, No Doubt, Robbie Williams, Justin Timberlake... as recomendações vão dar nisto?
Desde há pouco tempo que "criei" o hábito de parar para cumprimentar uma vizinha, que é da minha idade.
Já que ando para cá e para lá e subo 2 andares de escadas, mais vale falar com as pessoas, né?
Ela é 2 anitos mais velha que eu, com uma história um bocadinho diferente e tudo mais. Namora há um "anito" com o B. Não é melosa, mas é muito simpática e disponível. De "bons dias" passamos a ter conversas de 5 minutos à porta quando reparamos que temos um bocadinho para 2 dedos de conversa.
E, não me perguntem porquê, hoje ela confessou-me "Não sinto paixão arrebatadora pelo B. Tenho saudades de perder a respiração só de pensar num homem".
Sinceramente? Fiquei sem fala.
Não sabia se aquela pergunta era para os apanhados ou para a Revista Maria.
Não que ache que o Amor seja um mar-de-rosas, sempre correspondido e tal e coisa. Nada disso. Mas não esperava que uma pessoa com quem falo 15 minutos por semana, desabafsse assim comigo.
E isso fez-me voltar aos anos da faculdade em que várias colegas me confessaram "tristezas" assim...
Não sei se este é o único ponto do meu horóscopo que bate verdadeiramente certo comigo: mas eu sou racional, no Amor. Eu não estou com o m-R porque perdi a respiração e se me tremeram as pernas, a 1ª vez que o vi. Na verdade, até ele me roubar "o beijo", via-o como o "rapaz inesperado, engraçadito, que como mora longe, vai ser mais um dos meus amigos virtuais".
Pelo contrário, sempre que perdi a cabeça por um homem, acabei a pagar preços altos: a minha sanidade, a minha auto-estima, a minha liberdade. Acabei por perceber que quando o meu coração toma conta, o cérebro se desliga de tal forma, como se a realidade não existisse. O problema é que a realidade volta sempre...
Não fica bonito de escrever... mas percebi que provavelmente estava apaixonada pelo m-R já namoravamos há quase 4 meses. Só percebi que não me imaginava sem ele da 1ª vez que discutimos a sério, ao fim de 1 ano e 5 meses de namoro, só percebi que ele é o meu homem quando nos mudamos para viver juntos, e nos assustamos com o passo, no dia em que fizemos um mês de "companheiros de casa".
Ainda ontem me enrosquei no m-R a ver Tv e pensei: "se calhar há por aí muitas casas, com sofás e casais em que ela, neste momento, se abraça a ele e lhe diz 'amo-te tanto, sabes?'". E o que fiz? Abracei-o, beijei-lhe o nariz e sorri-lhe, sem uma palavra. E ele "devolveu-me" um miar e uma turrinha, como os gatos, que andavam à nossa volta.
Não é bonito de dizer "aqui", que mais parece o diário da nossa relação, que o m-R não me deixa sem respiração. Não me faz ficar "louca", incapaz de pensar noutros homens.
Não. Esse papel foi de outro homem na minha vida. Um que não quis ficar, um que já lá vai.
O m-R é o homem por quem me apaixono um bocadinho todos os dias. Mas a quem também me farto de rosnar mentalmente. De quem me habituei a criar poucas expectativas e a quem tenho que ensinar muitas coisas. Que me obriga a falar, a conversar sobre mim (e isso até me custa). E que lá está, se calhar, por termos construído a relação, à distância, com poucas expectativas, cobranças, datas "obrigatórias", por desde logo termos percebido que não, não somos o homem/mulher de sonho um do outro, maaaaas somos quem gostamos de ser e quem gostamos de amar...por isso vamos encaixando, vamos gostando, apontando o que não gostamos, vamos valorizando cada dia, cada passo, cada mimo, cada surpresa, cada luta e cada meta - que agora sim, podemos ter.
Por isso, desculpa vizinha confessadora. Conheço o teu lamento. Tive medo dele algumas vezes.
Vivi-o uma vez - e vivo-o em replay muitas vezes, mentalmente.
Mas sou mais feliz a respirar fundo e a deixar bater o coração, sonhar à minha maneira, sem me entregar a um homem, só porque me acorda os instintos primitivos. Prefiro respirar, de forma minimamente normal, todos os dias, por agora, quiçá no meu "para sempre" com a mesma pessoa. Que não me "roubou" no 1º dia, que me ganha todos os dias.
Para mim essa é a alegria e o encantamento do amor.
Espero que encontres o teu. E que na próxima conversa nas escadas estejas sorridente e confiante.
Eu espero continuar a morar por detrás daquela porta onde nos cruzamos, com o m-R.