Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto. Estes são os meus pontos sobre saúde, culinária e lifestyle.
Aqui toda eu sou vírgulas, reticências e, no extremo, pontos de exclamação ou mesmo um ponto final!
Desde que aos 13 anos me encantei por esta canção que revejo todo o tipo de amizades na letra. E a guitarra do Brian me leva às lágrimas.
Diz a sabedoria popular que "olhos que não vêem, coração que não sente" e pude ver o mesmo nas amizades.
As minhas melhores amigas que tanto "gozaram" com a mudança para Lisboa e "previram" que eu me afastasse, estão a afastar-se elas. Sábado estive no Porto e tive um dos encontros para café mais "amargos" de tantos anos de amizade... sempre as inclui nos meus caminhares em frente. Mesmo aqui vou falando com ambas todas as semanas, ou enviando sms ou mesmo mensagens de Faicibuqui... chego ao Porto e descubro que... simplesmente já não sou incluída em certas situações. Que elas, que me conhecem melhor do que outros amigos, também escolheram por os "óculos-cor-rosa" e tentar tocar música de violinos sobre a minha vida, que vai-se a ver, não está "assim tão má, olha para tantas coisas positivas". Ou pior, que partilhar o que sinto com o homem com quem vivo pode ser mau, porque ele vai ver-me como "insegura e com medo". Really?!
[Já mencionei aqui que graças ao preceriado em Portugal, não devo ter direito ao subsídio de desemprego... pois...]
Fora os amigos que percebi que o eram porque eu sou uma pessoa simpática e eficiente de ter por perto. Todos temos desses, não?
Contudo, venham os "óculos-cor-de-rosa": descobri amigos que não imaginei ter. Pessoas preocupadas, amorosas, carinhosas. Que dão e retribuem. Que não se esquecem. Que tiram 5 minutos dos seus dias. Que me fazem sorrir. Que conversam comigo.
Friends will be friends. Right till the end. Whenever that is.
Ontem fui a uma entrevista de emprego (weeeeeeeeeeeee! Gostei tanto, correu bem e adorava ficar com o lugar, tudo a fazer figas, all together now!) e disse-o mesmo, quando me fizeram a mítica pergunta do "Como se vê daqui a 10 anos?"
Disse-o: "A nível pessoal, vejo-me como hoje, como ontem, como desde que me mudei para Lisboa. Com o meu namorado, com os meus gatos. Feliz. Tenho tudo!"
Juro-vos, seja qual for o resultado deste recrutamento... vi um sorriso de simpatia, de good for you, de "que bom, aqueceste-me o coração", do outro "lado".
O m-R e eu celebramos ontem 4 mesinhos a viver juntos, 2 anos e 3 meses de namoro.
É lógico que este twist of faith não nos é fácil. Especialmente para mim, all Miss Independent e tal - ele é um poço de crença em mim. Que aqui também vão ver que eu tenho valor e que não vai demorar.
A típica frase do "vocês são um casal, o casal existe para se apoiar nos momentos maus" faz-me confusão. Ou seja, não me é nada difícil apoiar o m-R em nada! Mas imaginar que o m-R se preocupa com contas, que temos que cortar em certas coisas... que se não arranjar emprego em x meses as poupanças vão-se e ele, aqui, é "o responsável" por mim, mata-me um bocadinho por dentro.
Pesa-me. Assusta-me.
Mas prontes... vamos pelo lado positivo: o meu contrato acabou ontem, oficialmente. Estou em casa há mais uns dias do que isso. Tive 3 entrevistas até agora. Adorei a de ontem!
E pude começar a dedicar-me mais à Casa. Aos gatos. À Culinária. Voltei às leituras.
Todos os dias faço questão de manter os meus horários. Levanto-me e tomo o pequeno-almoço com ele. Dou mimo aos quadrixanos. Venho para o PC. Trato da casa. Faço recados. E ele chega a casa e eu faço o meu máximo para que tudo esteja pronto, para que ele possa descansar. suspirar, contar-me o dia.
Entretanto visitamos Évora, num fim-de-semana difícil psicologicamente, mas lindo e cheio de comidinha boa e memórias e meia-dúzia de fotografias.
Entretanto eu luto. ele trabalha. E ao fim do dia dizemos o que no vai no coração e na mente. As frrases importantes de se ouvirem. As nossas coisas boas. O sentido da vida, a dois.
[Agora tudo a portar-se bem e a dizer coisas bonitas sobre mim. A responsável do recrutamento de ontem vem espreitar o blogue... annnnyyyy minute now]
Sim, sim, é verdade! Os gatos não me comeram a língua (mas estão de óptima saúde e fofos como sempre), nem perdi os dedos neste frio repentino...
Ora... algumas leitoras mais próximas, mais fofas, mais curiosas, mais "cuscas", mais amigas (mais tudi tudi tudi) foram falando comigo... outras resolveram dar uso à página de Faicibuqui do blogue para ir vendo se não tinha desaparecido com a ventania - que essa nunca esteve parada... BTW - já repararam que somos quase 300? :estou um bocadinho em choque, admito:
O que se passou foi mau. Esperado, mas nem por isso menos mau.
Lembram-se de em abril ter largado tudo para vir para Lisboa? Porque tinha encontrado o emprego dos meus sonhos e finalmente poderia viver happly ever after com o m-R? Digamos que metade da frase anterior é a mais pura das verdades. A outra metade não poderia estar mais longe da verdade.
O emprego dos meus sonhos, fui percebendo cedo, estava longe de ser onírico. In fact, nos últimos 3 meses transformou-se num pequeno pesadelo, um sapo que tinha que engolir, todos os dias. Vocês sabem que não tenho por hábito referir onde estive, nem o vou fazer agora. Digamos só que realmente há acordos perfeitos, NO PAPEL. A realidade é muito diferente.
Conforme foram lendo, as situações levaram a que há quase 4 meses me fosse diagnosticada uma depressão nervosa. Em parte devido aos problemas profissionais, em parte devido a todas as mudanças - quem me manda ter a mania que sou a Super Mulher, ou tentar fazer os outros acreditar que o sou...
Resumindo, não me permiti aceitar a dificuldade de todas as mudanças. Engoli-as, achei que podia encará-las tipo touro. Enganei-me. Sou humana. Devo partilhá-las, aceitá-las. Para viver melhor, sentir melhor - comigo e com quem me rodeia.
O dia em que deixei de escrever, foi o dia em que tive provas palpáveis que não me iam renovar o contrato. Caiu-me tudo ao chão dada a forma como tudo se passou. Perdi a força, a coragem de falar convosco. De mostrar a cara de m-M que falhou.
Depois disso... digamos que foram mais umas semanas a engolir sapos (cada dia umas gramitas maior). Esta é a parte em que agradeço de coração às S., às M., à C., à A., à E, à T. e à J. Que me ouviram, que me apoiaram, que sentiram e partilharam a minha revolta e que me ajudam, muitos dias a caminhar em frente e a acreditar. [Cá beijinho]
No Faicibuqui fui partilhando o que se passava, à minha maneira. Fui mantendo a página viva. Para manter o meu espírito vivo, para por minutos me sentir quentinha por dentro, como sinto, quando falo convosco.
Mas este último mês têm sido muito cansativo. Muito choro, muito stress, muita descrença. Muita, muita luta. Resultados aos bocadinhos, lentamente. Rezar e pedir para que esta má experiência, este local que me fez sentir tão mal, depressa fique para trás e, finalmente, volte a ter boas experiências. Volte a encontrar casa para a minha dedicação, a minha vontade de trabalhar, o meu espírito que só quer crescer, ajudar e sentir-se bem a trabalhar.
Lição a tirar daqui? Podemos e devemos dar passos em direção ao desconhecido. Para ficar a conhecer.
Que foi a altura perfeita para voltar à terapia (que tive que deixar, por motivos financeiros). Ajudou um bocadinho nos dias próprios. Ajuda-me todos os dias a ver que cresci, que já sei pedir ajuda, que já vou comunicando melhor. Que não é uma vergonha e não faz mal a ninguém. E ter lá ido, às poucas sessões, está-me a ajudar HOJE a não me deixar afundar. Porque há sempre o hoje e o amanhã.
Podemos e devemos querer e crer no melhor para o nosso coração e a nossa carreira. Mas nem sempre acontece ao mesmo tempo, ou em proporção à força com que o queremos. Resultado? Nos dias bons e nos dias maus: lutar. Saber que estamos a tentar. Seja cheia de adrenalina, seja de lágrimas nos olhos atrás do PC. Seja com 3 CVs ou com 15 enviados, nesse dia.
Estou desempregada.
Quero trabalhar. Quero sentir-me útil.
Quero voltar a ter um projeto para me focar. Que me complete, me reconheça e me recompense. Alguém sabe de oportunidades que queira partilhar comigo?
Enquanto isso vou vendo a chuva, seguida de sol, a bater-me nas costas, enquanto escrevo.