Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto. Estes são os meus pontos sobre saúde, culinária e lifestyle.
Aqui toda eu sou vírgulas, reticências e, no extremo, pontos de exclamação ou mesmo um ponto final!
Se posso vir para aqui escrever o que quero? Posso. Enquanto nada de muito grave acontecer, o blogue continuará a ser meu e da minha responsabilidade.
Se podia vir para aqui e desenhar-me perfeita, aos folhinhos cor-de-rosa? Podia. Se calhar, para muita gente, devia. Assim é que os blogues são bons e têm visitas e são famosos.
Tenho muito, tanto dentro de mim que preciso dizer.
Por algum motivo re-criei um blogue. Para espingardar, para exorcizar. Para partilhar coisas que mais ninguém sabe.
Se me sinto uma namorada sortuda? Sim, muito.
O Rapaz que toda a gente pensava que não ia crescer, escolheu virar adulto comigo. Considera que estamos numa vida paralela ao casamento, quasi.
Tenho surpresas sem contar, presentes se os pedir. Vamos jantando fora. Estamos na fase em que, olhando para o calendário, ao fundo do túnel já temos datas para jantares com os amigos.
Tenho apoio noites dentro. Tenho um namorado que não se envergonha de mim. Que me aceita, até mesmo quando eu duvido que ele devesse aceitar.
Ele sabe o quanto é adorado e o quanto me esforço para melhorar com ele. Porque é o que ele me faz sentir: melhor, ou pelo menos, com capacidade para ser melhor.
E quando não lho consigo dizer, escrevo. O bom, o maravilhoso e o mau.
Viver com quem gostamos também é re-aprender a falar, a partilhar.
Se podia vir para aqui escrever só as coisas bonitas? Se podia passar os meus dias a fingir sorrisos para quem me lê?
Acreditem que podia e posso. Faço disso a minha vida.
Mas no meu blogue não.
Aqui ficam escritas as memórias todas, os pensamentos fogazes, as rominações mentais.
Mesmo que cá dentro eu seja uma romântica cor-de-rosa que sonha com camas de dossel; mas que está tão chateada com a vida cinzenta que parece uma miúda invejosa e ciumenta.
Ontem tivemos que levar os quadrixanos ao Vet, chimpar nota preta e ver o B. a sofrer.
O jantar ficou mal feito - o m-R cozinha bem, mas não sabe cozinhar depressa e quis que eu tratasse da loiça. Lavei duas bancas de loiça, com água a escaldar e dores no corpo todo.
Abrimos as contas e todas, TODAS subiram, mesmo eu tendo super cuidado com os gastos.
Tratei das minhas tarefas, o m-R esqueceu-se das dele porque ainda queria acabar de ver a Keynote da Apple.
Adormeci e o m-R acordou-me em cima da hora. Tratei de tudo, cheia de dores de cabeça e ainda consegui sair de casa primeiro que ele, porque ele andou pela casa a fazer coisas que deviam estar feitas desde ontem.
Sinto-me cada vez mais estranha "aqui": no trabalho, em casa (o m-R volta a ir para fora dias daqui a duas semanas). Pouco independente e pareço uma ressabiada. Estou a deixar de conseguir "controlar" isso. E cada dia sinto menos que possa falar com o m-R sobre isso porque ele depois reage como se a minha infelicidade fosse culpa dele. E dou por mim a ter pensamentos horríveis.
Estou de péssimo humor. Vejo os outros viajar. Passar fins-de-semana fora (mesmo fora, não é ir ali "a cima visitar os pais"). Eu continuo com a Tese presa a um pé, porque falta imprimir e entregar à Faculdade. Sem poder fazer planos porque ele tem sempre coisas para fazer.
Este fim-de-semana não há cá descanso porque a banda tem concerto. Não só não descanso, como "perco" a 6ª e o Sábado a ajudá-lo, como fico com o Domingo limitado, porque ele vai precisar de descansar - e eu "fechada" em casa...
O concerto e a entrega da Tese vão adiar uma das decisões de que falei aqui - e à qual acabei por, de novo ceder, em prol das amizades e bom ambiente em torno do m-R.
E a seguir? Lá vai ele para fora uns dias este mês, e mais uma semana no próximo. E eu em "casa", no dia-a-dia que abomino, e que bem tento ocupar sem ele, com cafés e noites dedicadas à beleza, mas em que me sinto vazia e sem propósito.
Eu sinto-me cada dia mais "sozinha". A arrastar as tarefas que são fora de casa, a odiar o trabalho, para poder voltar para casa. Onde estou bem e estamos bem, se eu fizer vista grossa às tarefas ou ao que ficou falado fazer porque é preciso...
Estou de péssimo humor. E logo a noite é para ver máquinas de lavar loiça, ver anúncios, passar e arrumar roupa.
Ainda não são 11 da manhã e estou com uma enxaqueca e cansada como se tivesse passado um mês desde ontem.
Vá, chibatem-me no lombo, mas ainda não é hoje que respondo aos desafios.