É-me estranho
É-me estranho, na minha relação mais longa, perceber que ele me viu e me vai conhecendo as fraquezas, os maus-hábitos, o caráter que sempre achei que só umas outras 5 pessoas no mundo conheciam.
Ouvi-lo dizer "Eu sei que és assim e isso não me impede de ter escolhido viver contigo, de estar aqui. Não penso por um momento que me enganaste, que me enganei sobre ti".
E perceber que este nervoso, este fechar-me, este guardar o que estou a pensar... vem do medo. De me ser mais fácil programar, agradar do que confiar, acreditar. Que me custa, que me sinto "fraca" com tantas alterações na minha vida. Os outros é que têm a vida fácil e gira, não é?
Tenho feito um esforço. Vou falando mais, vou fazendo mais perguntas, dando mais ideias.
As pazes estão feitas. Vão sendo feitas. Tal como a habituação.
Amanhã a noite será nossa. Para passearmos de mão dada, para tirar as preocupações da cabeça e durante um bocadinho andar, algures, a aproveitar as noites mais quentes, só de mão dada, a conversar sobre tudo e sobre nada. A ver se as parvoeiras (me) voltam a sair da boca. Quero aligeirar o ar. Conseguir passar cá para fora a felicidade que sinto mesmo, e que fica abafada debaixo dos problemas todos que se passam. Ele não merece - eu também não.
Quero a casa nova com direito a mais sorrisos. A surpresas. A presentinhos. À calma de, agora que nos habituamos ao colchão novo, ele continuar a adormecer agarrado a mim.
[Texto partilhado com quem de direito]