Porto, Porto, Porto, Porto!
Não, isto não é, de todo, para ler como o refrão da músiquinha do FêCêPê.
Mas estou a contar as horas. Hoje, quando a noite começar a cair eu e o m-R vamos arrancar, pela Nacional, no nosso vagar, em direção a Casa, à família, aos quadrixanos e aos amigos.
Vamos com a intenção de encher a bagageira das peças que quero que transitem para a casa nova e com as quais ele concorda. Vamos com uma mala vazia para regressar cheia. Vamos tentar trazer os gatos para a nova casa - o quanto eu morro de saudades de não lhe ver o focinhinho mais lindo todos os dias...
Vamos chegar às horas que calhar, vou entrar em casa dos meus pais sem chave, pela 1ª vez em 18 anos. Vou beijar a minha mãe e pedir um beijo na testa ao meu pai. Vamos arrastar-nos até casa. Vou sorrir por entre lágrimas ao S. e ao B., vou-lhes dar goluseimas. Vamos dormir, abraçados na minha cama, no meu quarto, na casa que nos ensinou e nos mostrou o que é ser um casal.
Vou-me levantar sorrateira para me ir por bonita. Vu deixá-lo a dormir descansado. Volto para lhe fazer o almoço e vamos começar a ensacar os detalhes da casa que comecei a montar há 3 anos.
Lá está. Nenhuma destas mudanças, nenhum destes "até já"s é uma quebra, é sempre e sim uma continuação, um caminhar em frente.
"Matar saudades. Às vezes apetece. Quando são de um terraço sobranceiro ao mar, onde se escrevem versos à sombra de um aloendro. Versos de férias, sem mortificação. Meros ponteiros líricos de horas devolutas." Miguel Torga, diário XIII