Em baixo
Já por aqui leram as condições em que trabalho. A forma como vim aqui parar. Como tive que lutar para "sair da precariedade".
As horas que dou à casa sem horas extra, sem reconhecimento, sem certezas de que fazem todos os descontos na Lei - apesar de ter um contrato assinado.
Ontem largaram-me a bomba. A pessoa que estou a substituir há quase 8 meses. Que se berrou nestes corredores que "NÃO VOLTA! MENTIROSA! TRAPACEIRA! RESSABIADA!" Volta, 2ª feira. Eu passo "internamente" a Directora de Departamento, embora ela ganhe largas centenas a mais do que eu. Passo a chefiá-la. Ela que vem pronta para me tramar, de mal com o Patrão. Pelos ciúmes do trabalho que eu consegui em 7 meses e ela descuidou em 2 anos.
Se o Mundo fosse justo eu poderia estar descansada. Se esta empresa fosse de confiança eu saberia que, no final, a verdade viria ao de cima.
Mas sendo que ela tem o Dir. RH, o Dir. Financeiro e a Mulher do Patrão (aka Dir. Criativa) do lado dela... Eu vou ser o Elo mais Fraco.
E só consigo pensar em fugir daqui. Em parar de trabalhar. Em levantar-me e fazer os 70km que me afastam de casa, a pé, para longe daqui, para me enroscar na cama e chorar.
Posso não gostar das práticas ou do ambiente desta empresa, mas dou tudo aqui, todos os dias. Incluíndo fins-de-semana. Porque me sustento sozinha. E só sinto a corda a apertar-se e as lágrimas nos olhos.
Preciso urgentemente de outro local para trabalhar (sim, digo trabalho e não "emprego"). E de nada me serve a média de 5 CVs por dia, os quase 5 anos de experiência, o Mestrado, o querer ir para Lisboa.
Estou em baixo. Perto da lama. De rastos. Cansada. Descrente. E não o posso mostrar a ninguém.