Meco, Duxs, Praxes, Academia, Vida, Morte - enfim, tudo!
Estive para não me pronunciar sobre este tema.
Talvez por me ser demasiado chegado ao coração. Sim, ao lado esquerdo do corpo, o das emoções, o da mão que se levanta para saudar a Academia. (Saudação que ainda faço, mentalmente, quando prasso pelos Leões - yes, I'm that attached!)
Desde pequena, quando passava nos Aliados e via a cidade parar para celebrar o Cortejo, soube que iria ser Academista.
Entrei para a Faculdade com a certeza da Praxe, da hierarquia, da igualdade e humildade. Tinha 18 anos. Não sabia nada da vida.
Não entrei para me "integrar", nem para beber até cair. Nasci e fui criada na minha cidade. Obrigadinha mas a Praxe para mim não foi isso. Foi o aceitar que a minha cidade tem um ambiente, normas, conduta, tradição para os seus Estudantes. Também foi o perceber que a Praxe é feita de pessoas e por isso vai falhar. Porque há momentos em que a hierarquia, a humildade e a igualdade pura e simplesmente, não existem. O ego de miúdos de 20 anos é maior. E os meus Duxs eram dois BANANAS!
Sabia que a bomba anti-praxe ia rebentar. Entrei numa "discussão Faicibuquesca" há dias e disse isto:
Eu não entraria nesta "discussão" não fosse ter sentimentos ambivalentes quanto à instituição Praxe e quase homicidas quanto às pessoas dentro da instituição. Again, falo por prisma pessoal. O "xpto" já ouviu muita coisa, sim, a praxe reveste-se de véus diferentes de academia para academia. O meu lado quasi-homicida para os exageros das pessoas que dentro da instituição Praxe a desvirtuam por power trips também começou a ring bells cá dentro. Mas não há que fazer de todos farinha do mesmo saco lá porque o grau hierárquico é o mesmo. Tudo pode ter acontecido. O Dux esteve no topo da hierarquia naquela noite, naquele local como em muitos outros. Local mal escolhido? Sim. Mentes premonitórias? Não. Obrigação de lá estar? Também não. E eu sei-o porque arrisquei a minha segurança em certas noites mas quando o limite pessoal se deu, virei costas e disse não. Daí fazer minhas as palavras do "xpto", mas ainda com (talvez) maior noção do risco e dos extremos - por razões óbvias. Posso-me ter tornado ambivalente quanto à instituição, mas continuo a defendê-la, sim, até hoje. Porque, à custa de "surpresas" percebi que apesar da Praxe ser feita de pessoas, as pessoas não são todas iguais. Nem as circunstâncias.
Deixei a minha opinião na blogolândia no cantinho da Carolina. Talvez porque somos do mesmo curso. Se bem que eu ainda sou do tempo que o nosso nome era outro, há uma década atrás.
Conheço o lado bom da Praxe e o lado mau, muito mau. Sei hoje que aos 19 coloquei a minha vida tão em risco como os colegas do Meco. Por exemplo, aos 20 disse NÃO virei costas, afastei-me. Dediquei-me à Tuna (e também saí quando senti que os limites eram lusco-fusco). Recebi as minhas afilhadas de braços abertos (elas por exemplo não são academistas, apenas viram em mim um exemplo e pediram-me ajuda e apoio). Escolhi os meus padrinhos de coração (ainda hoje os trato por esse nome). Enverguei o Traje com o orgulho de quem se esforçou para o poder vestir sabendo-o verdadeiro.
Por conhecer o lado "negro" não dos trajes mas da Praxe, em conversa com a minha mãe, que acompanhou todas as minhas decisões na altura... quase consegui (pre)ver o que se lê agora nos jornais. As posições na praia, como são as dinâmicas, o simbolismo da água a molhar/estragar/dilacerar os trajes. Continuo focada na dor dos pais. No choque do tal Dux Mau que vai demorar muuuuito tempo a conseguir fechar os olhos para dormir à noite (se é Humano para ser mau, também é Humano para ser Rapaz). Na estupidez da Casa, das pessoas. O voto de silêncio que me fez sofrer e que agora afecta toda uma Faculdade. Guess what? Por algum motivo me disseram aos 18 aninhos: O que acontece em Praxe, fica em Praxe. Dura Praxis, Sed Praxis. Se é correcto? Não, mas faz parte das normas de convivência de quem aceita entrar para essa dinâmica de grupo/sociedade. E é uma escolha lá estar. E sair, quando assim o entendemos.
Fui à Praxe e gostei. Fui Praxada enquanto "Doutora"e não gostei. Praxei "as criancinhas" e durante todo um ano fui abordada porque fiz os caloiros sentirem-se bem. Pertenço menos à Academia por ter personalidade e opinião? Ai de quem se atreva a dizer tal. Se a Praxe prepara para a Vida, mesmo que traga a Morte? (alguém se lembra do aluno que morreu num ensaio da Tuna? Ou da aluna que foi parar ao hospital gravemente ferida, depois de uma praxe? Acordem, esta não é a 1ª morte! Só tocou mais o país pela "quantidade", pela época do Ano e pela novela que se desenha à sua volta) Eu cá sei que sim: a Praxe ensinou-me a ver união, desenrasque. Falsidade, aproveitamento de poder. Crença e mentira. A Praxe mostrou-me ainda melhor o que é a Selva cá fora.
Se a minha Casa me falhou? Falhou ao confiar no Ego de putos de 20 anos que só agora aos 30 pedem perdão pelo que fizeram. Mas a minha opinião é a que deixei na caixinha da Carolina. Há 10 anos, há 7. No dia em que os meus "colegas" desapareceram no Mar. Hoje. Sempre.