No outro blog
Se ele existisse, no activo, teria feito 5 anos, há dias.
Cada vez me lembro menos dele, e já nem preciso de pedir à minha mente para me imepdir de o fazer.
Deixei-o, lá, no canto, com a porta entre-aberta, para quem quiser espreitar. Afinal de contas, nunca me escondi. Lá a minha assinatura era clara, tão clara que ainda hoje há quem me chame por aquele nome - pelo qual continuo a ter carinho.
Mas foi tal e qual a história das mulheres vítimas de violência doméstica. O canto tinha deixado de ser "meu", tão meu quanto os leitores achavam. Era o instrumento do "psicopata, muito bom, lá do Deserto, jamais" para me controlar, para me manipular, para me pressionar. E quando fui deixada, derrotada no sofá, desfeita depois de horas de violência. Depois de me recompor o suficiente para sair de casa e cumprir as minhas obrigações, o meu ripostar foi apresentar a minha despedida e nunca mais voltar. Sair do ciclo que, mascarado, se tinha transformado em violência.
Lá conheci amigos que me acompanharam anos, pessoas que admiro, visitantes que escreveram uma vez e não voltaram.
Lá conheci dois dos meus ex-namorados, contos passados.
Através de lá consegui um dos melhores empregos que tive até hoje.
Lá escrevia sobre o que ninguém cá fora podia saber.
Lá consigo ver, quando por lá passo - que a boa dona de Casa nunca deixa as teias tomarem conta da divisão - quando o meu post era "verdadeiro" e quando era criado para "meter conversa".
Lá escrevi dos textos mais bonitos que nem eu imaginava, no meio da escrita que fascinava alguns, pela diferença.
Lá cheguei a ter UMA proposta publicitária, que recusei.
Mas a verdade? É que nunca tenho vontade de o abrir ao mundo de novo.
Aquela era eu, encolhida no canto da sala, era eu, há anos.
Por tudo o que implica, o criar este blogue foi muito pensado. Aqui, sou eu, agora.
Não me impeço de me dar com os leitores que me "tocam". Tenho medos novos e "paranoias" actualizadas. Esta sou eu, agora.
Nunca pensei ser daquelas pessoas que "fogem", que saltam de um blogue para o outro, que se redesenham, como se de repente, negassem quem são e inventassem personagens falsas. Mas acho que todos já percebemos que o motivo foi de Força Maior.
Não tenho saudades da outra plataforma. Da fama e do drama. Da obcessão pelas visitas, da "luta" para conseguir aparecer em mais blog-rolls ou ser conhecida como "x". Do desenho impessoal, do ar americanizado/corporate.
Criei este "livro" porque não vivo sem escrever. Faz-me bem, já me ajudou na salvação. Estranhei quando entrei no Sapo, com medo de não me habituar, mas agora não me imagino com outros vizinhos.
No outro blog fui criança, gatinhei, caí de cú, com nódoas-negras. Aqui sou menina-Mulher.