Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto. Estes são os meus pontos sobre saúde, culinária e lifestyle.
Aqui toda eu sou vírgulas, reticências e, no extremo, pontos de exclamação ou mesmo um ponto final!
Muitas vezes tenho a completa noção que não faço parte de um daqueles casais delicodoces, que tiram montes de fotografias e dizem palavras melosas. Acho que tu fizeste demais disso e eu preciso de tanta confiança para agir assim, que quando chega a hora de o conseguir, sinto que já passou tempo demais e a relação já é "adulta" para essas "figuras".
E sim, fico triste. Atire a 1ª pedra a rapariga que diga que é toda forte e independente (como eu digo que sou), mas que no fim adora uma romantice!
Depois, andamos aos altos e baixos e engolidos pela vida, e eu respiro fundo e entro numa fase de "somos humanos, separados pela distância que nos limita o corpo, mas somos adultos e logo tratamos do assunto".
Até que de repente me chamas amor, do nada. Me ligas porque não temos tido tempo para conversar um com o outro, como deve ser, e falamos horas até adormecer. E me dizes que vais fazer planos para o fim-de-semana e eu te garanto que escolhi este fim-de-semana porque quero ver a vossa dinâmica e te quero ver com o 6 cordas em palco - mesmo que isso signifique menos horas para nós. E recebo uma sms que me prova o esforço (quando dou por mim, no dia anterior, a pensar que não te esfroças tanto quanto eu gostaria) e tu me sorris orgulhoso, apesar de tudo.
De repente, dá-me uma vontade de conjugar o verbo Adorar, à moda do que sinto contigo:
♥
Adoro quando me abraças. Quando me beijas na testa.
Quando entrelaças os dedos nos meus.
Adoro quando partilhamos aquelas piadas sórdidas que não podemos fazer ao pé dos teus amigos. Quando és calmo e tu, ao pé das minhas meninas.
Quando, simplesmente, sorris.
Adoro quando dormimos em conchinha. Quando me aqueces os pés, apesar de me chamares cubinho de gelo.
Quando me chamas coisinha feia.
Adoro quando adoras a minha comida. Quando cozinhas para mim, mesmo que fiques nervoso.
Quando tentas retribuir os meus "achados" com mimos calóricos.
Adoro fazer festinhas na tua barba. Quando estás por perto.
Um grupo destroçado por uma saída, que se recusa a aceitar-me. Um chefe a quem ofereci a minha sabedoria desde a entrevista de emprego e que agora insinua que eu lhe roubo as ideias - como, se fui eu que las dei?
E tudo isto por 50€ por mês. Sim, leram bem. Taaaaaaaanto dinheiro, a minha alma ficou parva quando percebi o que me iam pagar (digamos que gasto menos 4€ para vir para aqui trabalhar).
Falei com os meus pais e com o menino-Rapaz. Estendi a mão a conhecidos profissionais na esperança de que certas janelas não se fechem e eu não caia no esquecimento. Todos concordamos que não me está a ser dado valor e que posso estar aqui presa a um falso "ambiente Google". Vou hoje ter uma conversa séria com o chefe e perceber a reação. Ver se é hoje o último dia que madrugo para no final não ver o meu trabalho reconhecido.
Voltar para os estudos, para as dezenas de Cvs por dia, para a quest.
Porquê que as empresas se mascaram e mentem tanto hoje em dia? Porquê que é tudo mais do mesmo? Eu só quero trabalhar num meio que me alimente e veja as minhas ideias como apoios.
Afinal não é esta a cadeira que me faz feliz, nem fará - devia ter percebido isso mal vi que estou sentada de costas para a porta. O Feng-Shui bem diz que é mau sinal.
Vamos ver até quando esta cadeira é minha.
Porque, no fundo, me sinto como este parágrafo da CC:
Há dias em que não me apetece escrever. Em que acho que isso não serve para nada. Há dias em que não consigo sonhar, em que acredito que isso só servirá para me fazer sofrer. Há dias em que me apetece ser outra, não ser a dona dessa rotina. Mas para ser outra, não serei quem sou. Não serei eu. Parece que por mais que caminhemos, estamos sempre no lugar. No mesmo ponto de partida. Há dias em que é assim... e custa muito crer o contrário. Crer em algo que é mais transcendente que o próprio vazio.
Posso ir ser eu, um eu novo e fresco que pode respirar, num universo paralelo? Estou triste.
Há 6 anos, fazia aquele caminho serpenteado, pela última vez, enquanto estudante. Debaixo de 30ºC, orgulhosa, com pais e amigos, ansiosamente à espera de me ver passar.
Este ano senti logo, Sábado de manhã, que o Negro tomou as cores todas que ondulam nas fitas ao vento. Que as Cartolas e as bengalas serão mais pesadas e toscas, que os trajes não carregam negro o suficiente para mostrar a cor que a Academia não tem este ano, porque a roubaram.
Não conheço o Marlon, nem ele pertencia a uma "Casa" que eu frequentasse. Mas como academista que sempre serei, sinto um véu, um nevoeiro sobre esta semana, que costuma pintar a cidade de cor.
Pelo que leio de ti, Marlon, sei que não seria este o teu desejo.
E aqui me desculpo, por mais logo, não puder estar presente no Cortejo, de Capa sem dobras, no caminho de todos nós, porque a vida de "adulta" e a agenda não me permitem.
Mas gosto de acreditar que as guitarras choraram melhor ao finalizar o Adeus (agora nos Aliados - sensação estranha), que soou poucas horas depois de nos deixares.
Que o roubar da tua celebração pessoal (o dinheiro aqui não interessa a ninguém) seja mais do que recordada esta semana e pelos teus. Que ajude a que a Academia se una de novo e represente a nossa cidade e os valores que te levaram a proteger o Recinto de todas as Loucuras, com a tua própria vida.