Ver, com os olhos da alma...
Será que vês, como eu, com os olhos da alma?
Não me parece... já me disseste que não és o tipo de homem de "ver a Luz".
Sinto, na segurança que reconheces nas palavras dos outros, de quem te conhece, que pensas que este é só um buraco no caminho, que eu estou habituada a quedas e tu nem te assustas com as minhas nódoas negras. Acredito que, para ti, só os planos abrandaram, que o sentimento, a partilha e a amizade crescem um bocadinho todos os dias.
E andas na tua vida, cumpres as obrigações e mostras-me os teus pedacinhos de felicidade e vais falando.
Mas eu não. Eu estou a ter dificuldade em recuperar a crença. Eu luto contra a minha própria mente que me quer dizer que entramos em contagem decrescente. Eu não quero aceitar porque me habituei a viver contigo.
Enrosco-me na cama, cumpro o mínimo das minhas obrigações, espero algo mais de ti, que não chega, e analiso todos os bocadinhos que chegam.
Guardo para mim estes meus pensamentos porque conheço, bem demais onde vão dar. Impeço-me de tos contar porque tenho medo, porque sei que não és lutador e ainda queria viver tanta coisa contigo. Por isso continuo a repetir os últimos 8 meses da nossa vida, mas com o coração apertado e nublado. Quando tu me tinhas trazido Sol...
A inveja e a velhice das mentes cortaram as pernas aos meus planos, à minha vontade de acreditar e eu viro-me para ti, acreditando que continuando a fazer círculos no calendário me ajuda a viver.
Realmente, a minha vida nunca me deixa ter o lado bom durante muito tempo. E eu não quero ver os quadros que a minha alma pinta.