Nas notícias:
Percebes que te afastaste do "caminho" que escolheste, cheia de orgulho, aos 17 anos, quando é o Faicibuqui a dizer-te, às 9 da matina o horror e o novo limite da estupidez humana que se passou em Boston.
Eu, que há 10 anos, por esta altura andava a bramir a minha média para entrar no 4º curso com média mais alta da UP: Jornalismo (e sus muchachas CCs). Eu que vivi o 11 de Setembro com o fernesim de não largar a tv durante 8 horas, que vivi na pele os resultados e leis de segurança no Reino Unido, a queda do regime no Iraque, a partida para a "Nova Guerra", a entrada em circulação do Euro, eu que assisti aos atentados de Madrid em directo numa aula do 2º ano, que dissequei o casamento do Filipe e da Letícia nos 3 canais generalistas ao mesmo tempo (a TVI e as suas malfadadas hora e meia de vestidos!) para estudar agenda-setting, que chorei e gelei em Julho de 2005 ao ver Londres arder, o furacão Katrina, que ainda vi destronar o Lance Armstrong... que reconhecia designs e linhas editoriais de todos os jornais nacionais e alguns internacionais. Que me "alimentava" de informação e tinha sempre opinião a germinar sobre todos estes acontecimentos e sobre as mudanças, tanto as pequenas como as repentinas que os meus Professores me ensinaram a reconhecer "porque o Ser Humano se repete, por mais que ache que evoluiu".
Esta manhã "apenas" recebi a notícia pelas Redes Socais, pelo estado do melhor amigo do menino-Rapaz que é meu "colega" na área de estudo. E senti-me perdida, afastada da menina de 17 anos que estava sempre em cima do acontecimento, que sonhava investigar tudo até aos mais pequenos detalhes. Hoje percebi que a formação me permite perceber as para sempre presentes diferenças culturais, e consequentes, diferenças de cobertura mediática. Hoje senti-me "só" espectadora, "só" agoniada com as mortes, com o aniquilar de carreiras desportivas e anos de sacrificio, com o marcar a sangre e negro um momento que é de reunião e saúde para muitas famílias, o terror estampado nas faces de quem assistia e se sentiu transportado para um filme de terror.
Alguém (pode considerar-se pessoa?), pelos seus motivos achou por bem rebentar, fazer voar alto pessoas em vez de sonhos, fazer temer e desconfiar da segurança "podre" que vivemos nos dias de hoje, num evento que nada tem de político ou representativo de UMA cultura. O desporto une raças, culturas, religiões, idades, sonhos e objecivos numa meta que esse alguém impediu de passar.
Tu, bombista, obrigada por me teres feito parar e pensar que a menina de 17 anos cresceu a aprender o mundo com dias como os que tu marcas nos calendários. Que me posso "atrasar", mas que hei-de sempre ter opinião formada. Que a vida e o dia-a-dia me podem "adormecer" no seu cansaço monótono, mas que sim, não és o primeiro, nem serás o último. E eu, cá estarei daqui a outros "10 anos", a listar os momentos em que o dia acordou diferente, porque milhares de pessoas não puderam acabar a sua maratona, porque tu antecipaste a linha de chegada.
Hoje, sem ser particulartmente americana, branca, preta, amarela, cristã, muçulmana, budista... hoje, o meu coração está com todos os que deram a última passada de corrida e com todos os que sobreviveram. Que o Universo vos permita fazer a vossa caminhada na Paz que merecem.