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Os Contos da menina-Mulher

Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto. Estes são os meus pontos sobre saúde, culinária e lifestyle. Aqui toda eu sou vírgulas, reticências e, no extremo, pontos de exclamação ou mesmo um ponto final!

Seg | 06.05.13

As provas estavam à frente dos meus olhos

Hoje vou levantar o véu sobre a época mais negra da minha vida.

O capítulo "Psicopata muito bom, da Margem Sul, jamais".

Sabem quando temos 18 anos e nos sentimos no topo do mundo e imortais e capazes e de tudo e que a nós não nos vão acontecer coisas más? Agora imaginem que com essa "mania toda" ainda têm uma personalidade e um feitio como os meus, em que tenho opinião sobre tudo e penso muito com o coração.

Aos 23 anos a vida ensinou-me muita coisa: depois de descobrir que a minha capacidade de atrair e ser reconhecida era muito maior do que imaginva, comecei a viver um dos meus pesadelos recorrentes. A minha mãe caiu nas mãos do cancro, do bicho, pela 4ª vez. Eu não soube viver com a pressão de uma vida profissional maior do que a minha idade e o meu pequeno tamanho. E aí? aí apareceu um "armário" psicopata que se aproveitou de tudo.

Eu via um amigo, que se forçou a meu namorado. aproveitou a minha vulnerabilidade e o meu lado naturalmente depressivo e assustado e inrompeu pela minha vida. Escondendo detalhes do passado, omitindo detalhes de segurança pública.

Um psicopata que controlou a minha vida durante ano e meio, que me obrigou a acietar uma vida aos solavancos porque ele queria (e o que ele queria era Lei), que bateu (de bater mesmo, as in Violência doméstica) à namorada anterior a mim, que a mim não me bateu porque ia preso na hora. Mas que fez questão de destruir o meu cérebro, a minha personalidade, o meu espaço. E no dia em que decidiu sair, me deixou de rastos, colada ao sofá, a suar frio com medo que se chegasse a mim, com medo de ser a próxima.

A isso seguiu-se um ano de terror, de preseguições, de jogos psicológicos, de afastar qualquer pessoa que se aproximasse de mim - mesmo tendo arranjado outra vítima. Continuei a sofrer nas mãos de um fantasma negro e aterrorizador, estive meses fechada em casa, entre ataques de pânico e a sensação de que toda a gente podia olhar para mim e ver que eu era maltratada e que não valia nada.

Tive que procurar ajuda, bem-dita a hora em que o fiz. Um ano de terapia e muitos monstros para lutar até deixar de tremer de cada vez que o telefone tocava ou a campainha da porta dava sinal. Finalmente.

Uma ida à Polícia em que fui obrigada a reconhecê-lo por cadastro e descobrir tudo o que me escondia enquanto me obrigava a não ter segredos, sob pena de não me ser permitido dormir ou comer. Ouvir da boca do Agente super-simpático e informado, o que ouvimos na televisão: "a vítima não tem poder e se quiser lutar está a colocar-se nas garras do leão. Tem a certeza que quer arriscar?". Quase 2 anos passados após a queixa Crime e a decisão por tomar - ou não fosse o psicopata poderoso e abastado.

Chorei de alegria quando o soube levado pela PJ, exactamente do lugar em que ele mais achava que estava seguro, por ser "elevado". Ri-me de todos os percalços que a vida lhe deu nestes quase 2 anos que nos separam. Aprendi a partilhar a minha experiência e a não ter medo. Eu não fiz nada de mal, eu confiei na pessoa errada. Sofri e sobrevivi. Acredito no Karma de cada vez que percebo que ele continua como cão atrás do rabo e eu... eu lá fui dando os meus passos e vivendo.

Vivo! Não me mataste, não me aniquilaste. Eu sim, lembro-me de ti quando calha, cada dia menos. Sem medo, apenas nojo e desejo de distância. E espero tanto quanto a 1ª agredida, pela justiça.

 

Para terem noção do quanto os meus sentimentos se desligaram dele, ainda durante o namoro, como me limitei a ser um corpo andante, às ordens, deixo-vos um excerto escondido, que escrevi sobre o assunto:

No meu dia, no dia que conto os dias para ter, vieste mais cedo para te juntares à minha família e tomar conta de todas as salas em entravas.

Toda a alegria (verdadeira, fingida, exagerada...?) que mostravas a caminho, os agradecimentos repetidos pela minha companhia e lá pelo meio, o repetir todo romântico-dramático, do quanto eras apaixonado por mim, que o sentimento não diminuía, só aumentava.

E eu, no dia dos meus anos (o meu dia favorito do ano) agradeci, mas não retribuí, respondi-te com um "eu sei, toda a gente sabe, toda a gente o vê".

Queria eu mais provas? Não. Mas tu não deixavas "ver". Ali só se via o que tu deixavas, o que tu querias, com quem permitias, o que tu manipulavas. A espiral em que entrei no final desse mês, porque me deixei ser agarrada pelos teus tentáculos. Quem me mandou pensar que era mais forte e sabichona que um demente como tu?

Não senti o que sentiste. Só senti a necessidade de o imitar para me proteger.

Sim, eu tinha medo e vergonha de ti. E mesmo assim, fiquei "lá", ao alcance da tua mão, quase um ano.

Hoje sei que ninguém está a salvo de passos em falso, que ninguém é mais forte que ninguém. Que o mundo liberta todo o tipo de monstros sob disfarces e que somos só humanos e temos que lutar e aprender.

E sei viver com isso.

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